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LIDERANÇA CRISTÃ - ALGUNS LÍDERES INFLUENTES DA BÍBLIA

Atualizado: 29 de jan.

As páginas da Bíblia estão repletas de exemplos de pessoas que se destacaram como verdadeiros líderes espirituais e verdadeiros heróis da causa humanitária, e que nos deixaram exemplos extraordinários de como unir, organizar e potencializar um grupo, para alcançar uma diversidade de objetivos.

Por outro lado, também está repleta de exemplos de líderes que fracassaram por suas atitudes impróprias. Um erro não implica em fracasso, mas praticar os mesmos erros com frequência pode incorrer nisso.

Todos erramos, todos tomamos decisões que podem ter efeitos contrários, mas o segredo está no fator “superação”.

 

1. MOISÉS


“Sendo fiel ao que o constituiu, como também o foi Moisés em toda a sua casa. Porque ele é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguém, mas o que edificou todas as coisas é Deus. E, na verdade, Moisés foi fiel em toda a sua casa, como servo, para testemunho das coisas que se haviam de anunciar; ” (Hebreus 3:2-5).

Moisés se destaca como o líder mais fiel. A expressão “fiel em toda sua causa” é uma referência a sua dedicação e comprometimento com a causa divina. O comportamento e a relutância de Moisés diante da manifestação e da missão proposta por Deus, revelam qualidades importantes de seu caráter:

  • Demonstrou atração e forte interesse pela visão da sarça ardente (Ex 3.3).

  • Demonstrou prontidão “eis me aqui” (Ex 3.4b).

  • Demostrou disposição de reverência e temor (Ex 3.5,6).

  • Reconheceu sua incapacidade (Ex 3.11).

  • Demonstrou ousadia ao pedir maiores detalhes da missão (Ex 3.13,14).

  • Demostrou possuir certo conhecimento da realidade de sua missão, o que soou como uma forma de pessimismo (Ex 4.1).

  • Demonstrou grande disposição de coragem diante da palavra de Deus (Ex 4.3-7).

  • Reconheceu não possuir as habilidades de eloquência e persuasão necessárias para convencer os israelitas, bem como possuir certas limitações que o impedia de adquirir tais habilidades (Ex 4.10).

Realmente, o desafio de Moisés seria enorme. Tinha que convencer faraó a liberar o povo, e ao mesmo tempo convencer o povo que Deus o havia enviado para libertá-los daquela escravidão. Deus colocou à disposição de Moisés inúmeros recursos espirituais que possibilitariam o cumprimento de sua missão com sucesso. O líder cristão não deve jamais confiar em sua própria capacidade ou em seus próprios talentos. Ele deve se apropriar dos recursos de Deus, e procurar abundar neles a cada dia. A liderança de Moisés cobriria duas fazes importantes “o povo de Israel no Egito” e “povo de Israel no deserto”. Não foi uma tarefa fácil superar todos estes desafios, mas Moisés manteve-se sempre seguro de si, e da providência de Deus. No Egito, Moisés conseguiu convencer a faraó a libertar o povo de Deus, e consegui demonstrar e convencer os israelitas de que ele era o líder escolhido para conduzir o povo para a terra que Ele havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó. Houve momentos que Moisés questionou a Deus sobre os aparentes resultados (Ex 5.22,23); ouve momentos que Moisés precisou acatar conselhos que possibilitaria uma melhor gestão (Ex 18.18-24); ouve momentos que a própria credibilidade de Moisés foi colocada em dúvida (Nm 12.1,2; 16.3); e houve momentos que Moisés bravamente se colocou em defesa do povo e implorou o seu perdão (Ex 32.32). Moisés sempre se manifestou como um líder: fiel, organizado, flexível, consagrado, zeloso, piedoso e acima de tudo, totalmente comprometido com a sua missão. Isso o constrangeu a se doar totalmente para Deus e para uma nação inteira. Dirigir uma pequena equipe pode não ser tão difícil, mas dirigir uma nação inteira composta por cerca de 3 milhões de pessoas, em circunstâncias tão adversas, somente com uma plena dependência de Deus e de sua graça. O homem fugitivo, que morava no campo, cuja profissão era pastorar ovelhas, tornou-se o maior legislador cujo legado não poderá jamais ser medido por palavras humanas. Deus escolhe pessoas incapazes e os capacitam para realizar grandes obras.

 

2. JOSUÉ

Josué é mencionado pela primeira vez em Êxodo 17.9, quando é designado por Moisés como capitão do exército de Israel na guerra contra Amaleque. Apesar de ser um jovem inexperiente, obteve um êxito extraordinário, nessa sua primeira empreitada, “Assim Josué prostrou a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada” (Ex 17.17). A partir de então Josué passou a ser um servente assíduo de Moisés. Ele subiu ao monte com seu mestre (Ex 24.13), e tudo indica que assim como Moisés, Josué passou ali todos aqueles duros e longos 40 dias. Ao retornarem do monte por ordem de Deus (Ex 32.7), Josué foi o primeiro a ouvir o barulho estranho vindo do povo e exclamou “Alarido de guerra há no arraial” (v 17), o que respondendo Moisés disse “Não é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas é a voz dos que cantam que eu ouço” (v 18). O líder que se detém por longo tempo na presença do Senhor, jamais trocará sua intimidade com Ele, por um pequeno momento de diversão, e nem será jamais seduzido por conselhos profanos. Josué era um discípulo muito dedicado, e a Bíblia declara que ele nunca se apartava da tenda onde Moisés se encontrava com Deus: E falava o Senhor a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo. Depois tornava Moisés ao arraial; mas o seu servidor, o mancebo Josué, filho de Num, não se apartava da tenda (Ex 33.11) Com toda a sua dedicação a Moisés, Josué aprendeu os segredos da liderança, não somente na teoria, como também na prática. O princípio áureo da liderança é este: “ninguém poderá ser um bom líder, sem antes ter sido um bom liderado”. Josué se preocupava em manter todas as coisas em ordem, quando percebia algo diferente, questionava o seu mestre (Nm 11 28). Josué foi um dos 12 escolhidos para espionar a terra de Canaã e, juntamente com Calebe trouxeram um relatório positivo de tudo. Apesar dos grandes desafios, eles estavam certos de que triunfariam. Eles não viam por uma perspectiva natural, mas por uma ótica mais ampla: E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes; e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra, pela qual passamos para a espiar, é terra muitíssimo boa. Se o Senhor se agradar de nós, então nos introduzirá nesta terra e no-la dará; terra que mana leite e mel. Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto são eles nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está conosco; não os temais (Nm 14.6-9).

Verdadeiros líderes, conseguem enxergar além das dificuldades aparentes, e fazem o possível para convencer seus liderados de que o caminho apontado é o melhor caminho para toda equipe. Por sua bravura, perícia e coragem Josué e Calebe tiveram o privilégio de serem os únicos, daquela primeira geração a entrar na terra prometida (Nm 15.30,38). Josué foi escolhido por Deus como o sucessor de Moisés. A bíblia afirma que ele já tinha o Espírito de Deus, e por um ato de imposição de mãos de Moisés foi publicamente comissionado como líder do povo de Israel (Nm 27.18-23). Um líder cristão que não possua o Espírito Santo, não está qualificado para a tão nobre missão de liderar o povo de Deus, seja qual for o nível de liderança a ser exercido. A ele foi incumbida a responsabilidade de conquistar a terra dos cananeus, fazendo entrar ali o povo de Israel (Nm 2.38), como também de fazer a justa divisão da terra entre as tribos (Nm 34.17). Moisés, antes de sua morte, chamou a Josué, e na presença de todo povo o animou com essas palavras:

[...] Sê forte e corajoso, porque tu entrarás com este povo na terra que o Senhor, com juramento, prometeu a teus pais lhes daria; e tu os farás herdá-la. 8 O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará. Não temas, nem te espantes (Dt 31.7).

O verdadeiro líder, mesmo diante de frustrações pessoais e experiências negativas (Dt 3.24-26), jamais deixa de cumprir o seu papel como encorajador e incentivador dos membros do seu grupo, bem como de outros líderes. Para um líder cristão autêntico, não existe competitismo, e nem ciúmes quando alguém o substitui ou consegue superá-lo. A maior missão de um líder é formar outros líderes, e esta será a prova de que o seu trabalho realmente valeu a pena. A missão de um líder cristão é formar outros líderes igualmente, zelosos quanto ao cuidado, fervorosos quanto ao espírito, definidos quanto a sua missão, independentes quanto as suas ideias, crítico quantos aos seus métodos, expressivos quanto sua a dinâmica, e reflexivos quanto a sua prática. Para muitos, uma fase de transição de liderança pode parecer um tanto desafiadora, para Moisés, no entanto, foi uma prova viva de um final feliz. Um líder não pode morrer com sua morte, e para isso é necessário que deixe um legado, e este legado será imortalizado por meio de outros líderes que o refletirão. Após a morte de Moisés, o próprio Deus falou com Josué, e o encorajou com essas palavras: Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, cuidando de fazer conforme toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; não te desvies dela, nem para a direita nem para a esquerda, a fim de que sejas bem-sucedido por onde quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido. Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não te atemorizes, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus está contigo, por onde quer que andares (Js 1.7-9) É interessante notar como o próprio Deus não se esquece do legado deixado por seus servos. Deus não rejeitou qualquer das palavras ditas por Moises a Josué, antes as estabelecem como seu próprio conselho, exortando Josué a não se esquecer de nenhuma, de todas aquelas palavras de Moisés. Como o novo líder da nação de Israel, Josué procura honrar o seu predecessor Moisés, lembrando e reafirmando as suas palavras: Lembrai-vos da palavra que vos mandou Moisés, servo do Senhor, dizendo: O Senhor vosso Deus vos dá descanso, e vos dá esta terra (Js 1.13) Um grande líder sempre reconhece o legado deixado por outros líderes, e não hesita em dar-lhes o crédito devido chamando-os pelo nome. Josué, na qualidade de líder/guerreiro, conquistou grande parte da terra de Canaã, e apossou ali, conforme lhe foi ordenado por Deus, seu povo Israel, e dividiu entre eles a terra em herança. Enquanto viveu, Josué conduziu o povo no caminho do Deus de Israel, e sob sua liderança o povo conquistou a maior de todas as conquistas da nação, refletidas até aos dias atuais, a terra da palestina.

 

3. JOSÉ

No capítulo 37 de Gênesis o escritor abre um parêntese em sua narrativa, para inserir detalhes da história José. Um jovem sonhador, amado de seu pai. Jacó amava José mais do que todos os outros filhos, e as razões podem ser depreendidas diretas e indiretamente a partir da narrativa de sua história. Jacó amava José, primeiramente porque era filho de sua velhice, (conforme nos informa o escritor). Segundo, porque era o filho primogênito de sua esposa mais amada, Raquel; e, por último, porque José era um filho exemplar e totalmente responsável. Como prova de seu amor por José, Jacó deu-lhe uma túnica de várias cores, que lhe era como uma espécie de distintivo. Por causa de seus sonhos, bem como de todo o favoritismo que José recebia da parte de seu pai, seus irmãos passaram a alimentar um sentimento de inveja e ódio contra sua pessoa (Gn 37.4,8,11). Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais do que a todos eles, odiaram-no, e não podiam falar com ele pacificamente. [...] Então lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós? Por isso ainda mais o odiavam por seus sonhos e por suas palavras. [...] Seus irmãos, pois, o invejavam; seu pai porém guardava este negócio no seu coração. Este sentimento de repulsa e ódio culminou desencadeando uma conspiração de morte contra sua vida. A intenção deles não era somente matar José, mas dar fim aos seus sonhos, “E disseram um ao outro: Eis lá vem o sonhador-mor!” (Gn 37.19). Mas Deus interviu por meio de Rúbem, e livrou José da morte, “E ouvindo-o Rúben, livrou-o das suas mãos, e disse: Não lhe tiremos a vida. Também lhes disse Rúben: Não derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não lanceis mãos nele; isto disse para livrá-lo das mãos deles e para torná-lo a seu pai” (Gênesis 37:21,22). Desfeitas as ameaças de morte concordaram em vendê-lo para os mercadores de escravos, que o levaram para o Egito e ali o venderam para Potifar, um dos oficiais de faraó (Gn 39.1). Se não fosse a intervenção de Deus, através do conselho Rubem, (seu irmão mais velho), os sonhos de José, e seus planos por meio dele, teriam morrido em qualquer daqueles poços. Líderes que fazem a diferença sempre encontrarão oposições, e oposições tais, que parecerão o fim de tudo. No entanto, devemos ter a convicção de que Deus sempre cuida daqueles que ele chama. O caminho para o sucesso pode não parecer tão simples, mas aqueles que tem convicção de seu chamado, e não abre mão de seus sonhos, triunfarão. Toda a vida de José se desenvolve em quatro ambientes distintos: na casa de seu pai, na casa de Potifar, na prisão, e na casa real egípcia. Eram ambientes distintos, marcados por circunstâncias diferentes, contudo, José se manifestou proativo em todas as circunstâncias. O segredo estava, primeiramente no fato de que, “[...] o SENHOR estava com José” (Gênesis 39:2,21,23), segundo, porque José possuía um poder de adaptação extraordinário, e jamais perdia o foco.

  1. Na casa do Pai. Na casa de seu pai José se destacou como um filho responsável, zeloso e dedicado. Seu pai o constitui como uma espécie de supervisor de seus irmãos, e ele cumpria tudo responsavelmente, trazendo o relatório ao final de sua missão (Gn 37.2). O distintivo de José era a túnica de várias cores, que lhe foi tirada por seus irmãos.

  2. Na casa de Potifar. José foi vendido pelos midianitas a Potifar, um dos oficiais de faraó. Ali mais uma vez José conseguiu se destacar e chegou a ocupar a posição de mordomo. O mordomo era o encargo de maior responsabilidade na casa de um nobre (Gn 39.8,9). A bíblia declara que o Senhor estava ali com Jose, e o prosperou significativamente (Gn 39.2). A benção de Deus sobre José era tão evidente que foi notada pelo próprio Potifar, pois tudo que José fazia Deus prosperava. E por amor a José Deus abençoou a casa de Potifar. Por sua integridade e fidelidade a Deus, José rejeitou a oferta de coabitar com esposa de seu senhor, e isso custou-lhe seu encargo, seus privilégios, sua própria honra, mas nunca seu caráter. Um líder verdadeiro jamais se vende, nem abre mão de seus valores, mesmo que esteja em jogo honras e privilégios. Ali o distintivo de José eram as vestes de sua mordomia, que lhe foi tirada pela esposa de Potifar (Gn 39.12,13).

  3. Na prisão. Este era um ambiente totalmente hostil aquele último vivenciado por José, no entanto, mesmo sofrendo tamanha injustiça, José não abriu mão de sua integridade, e por isso a Bíblia declara mais uma vez que, “O Senhor, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro-mor. E o carcereiro-mor entregou na mão de José todos os presos que estavam na casa do cárcere, e ele ordenava tudo o que se fazia ali” (Gênesis 39:21,22). Não importa o lugar, nem as circunstâncias, o líder que, de fato teme ao Senhor, estará sempre em evidência. Mais uma vez ali, Deus abençoou a José e prosperou tudo quanto ele fazia (Gn 29.23). A prisão foi o ápice da provação de Deus para a vida de José, como também a condição propicia para a manifestação da dinâmica de Deus sobre ele. Até então, José havia interpretado apenas sonhos próprios, mas ali recebeu de Deus a capacidade de interpretar os sonhos de dois oficiais de faraó, o copeiro-mor e o padeiro-mor; e assim como havia predito sucedeu (Gn 40.20,-23), e por último, interpretou o sonho do próprio faraó que foi o ponto definitivo para mudar para sempre sua sorte. A Bíblia afirma que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza (2 Co 12.9). Todos aquelas provações sobre a vida de José, aparentemente injusta e sem sentido, estavam sendo usadas por Deus para preparar José, física, emocional espiritualmente para o desfio glorioso que estava por vir. A provação sempre precede a honra, e o anonimato a fama. Vale a pena esperar em Deus, para experimentar tudo em sua devida ordem. O distintivo de José na prisão eram as suas vestes do cárcere, que lhe foram tiradas por faraó (Gn 41.14).

  4. Na casa real egípcia. Ao interpretar os sonhos de faraó, José atribuiu todo o crédito ao Senhor “[...] isso não está em mim; Deus dará resposta de paz de paz a faraó” (Gn 41.17). Isso nos reporta também ao que Paulo diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã; antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Co 15.10). Se possuímos dons e talentos, ou capacidades especiais, que nos condiciona a realizarmos feitos únicos, devemos atribuir todo o crédito ao Senhor. José não somente interpretou o sonho de faraó, como também apresentou um plano eficiente de solução para o problema, demostrando uma capacidade extraordinária de gestão. “E esta palavra foi boa aos olhos de Faraó e aos olhos de todos os seus servos. E disse Faraó a seus servos: Acharíamos um varão como este, em que haja o Espírito de Deus” (Gn 41.37.38). E José foi constituído por Faraó governador de todo Egito (Gn 41.40,41). A capacidade de liderança e a capacidade administrativa de José fez com ele conservasse a vida de todos, não somente do Egito, mas de todos ou outros países vizinhos, bem como, fizesse com que toda a terra do Egito viesse a ser de Faraó (Gn 47.20,21).

Um grande líder não é definido somente pelo tamanho de sua influência, poder e autoridade, mas pelo caráter da causa que abraçará. José não seria caracterizado como um grande líder porque se tornou governador do Egito, mas porque cumpriu a nobre missão de conservar com vida a semente santa. Ele cumpriu no Egito uma missão dupla, uma de cunho físico, outra de cunho espiritual, conservar a vida humana, e conservar a promessa de Deus a Abraão, Isaque e Jacó.

 

4. DAVI

Davi aparece no senário bíblico como um jovem virtuoso, que apascentava as ovelhas do rebanho de seu pai Jessé; era o filho mais novo deste. Após rejeitar Saul como rei de seu povo, Deus ordenou que o profeta Samuel fosse a casa de Jessé e ungisse um de seus filhos como rei sobre Israel, “Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; envia-te-ei a Jessé o belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei” (1 Sm 16.1). Todos os filhos de Jessé presentes naquela ocasião (os seis mais velhos), passaram diante de Samuel, mas o Senhor não escolheu nenhum deles, e Samuel então diz: “[...] O Senhor não escolheu a nenhum destes. [...] São estes todos os teus filhos? Respondeu Jessé: Ainda falta o menor, que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos sentaremos até que ele venha aqui. Jessé mandou buscá-lo e o fez entrar. Ora, ele era ruivo, de belos olhos e de gentil aspecto. Então disse o Senhor: Levanta-te, e unge-o, porque é este mesmo. Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de Davi [...]” (1 Sm 16.10-13). Na concepção dos irmãos de Davi, e aparentemente de seu próprio pai, Davi era apenas aquele jovem que cuidava das ovelhas; sem maiores expectativas, mas Deus, que analisa os corações, escolheu Davi como rei de Israel, e o honrou fazendo isso perante o seus irmãos e seu pai. Toda a tensão que marcou aquele momento, parece estar refletido no Salmo 23.5. As escolhas de Deus são soberanas, e sempre contrariam expectativas e perspectivas. Enquanto as pessoas enxergavam em Davi apenas um menino, com certo talento para o pastoreio de ovelhas, (uma habilidade tão comum nos tempos bíblicos), Deus via nele um homem excepcional e atendia perfeitamente o seu padrão (1 Sm 13.14). Davi foi ungido como rei de Israel, mas não assumiu o trono de imediato. Ele teve que esperar um tempo considerável (cerca de vinte e sete anos), para assumir definitivamente o governo da nação de Israel. Neste ínterim, Davi foi testado e provado de todas as maneiras. 4.1. O INCIDENTE DO GIGANTE GOLIAS Não sabemos ao certo se este incidente ocorreu antes ou depois da unção de Davi por Samuel, mas é prudente acreditarmos que ocorreu após sua unção como rei, mas antes de Saul requisitar seus serviços no palácio real (1 Sm 16.19-21). Portanto, devemos considerar o incidente de Golias como o primeiro dos muitos desafios que Davi teria que enfrentar, antes de assumir o trono. Mesmo antes de sua unção, Davi se manifestou como um jovem virtuoso, que realizava feitos extraordinários. Ao tentar convencer seus irmãos, os demais guerreiros, e o rei Saul, de sua capacidade contra Golias, Davi afirma: “[...] Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai, e sempre que vinha um leão, ou um urso, e tomava um cordeiro do rebanho, eu saía após ele, e o matava, e lho arrancava da boca; levantando-se ele contra mim, segurava-o pela queixada, e o feria e matava. O teu servo matava tanto ao leão como ao urso; e este incircunciso filisteu será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo” (1 Sm 17.34-36) Golias era um homem incomum. Além de sua grande estatura, Golias era guerreiro experiente, um herói dotado de grande habilidade, além do mais, trazia um apetrecho de guerra que intimidava qualquer pessoa. Mas Davi, também, não era um homem comum, pelo menos em termos espirituais. Sobre ele repousava a plenitude do Espírito Santo (1 Sm 16.13), sua proteção era o próprio Senhor do Exércitos, por isso rejeitou a armadura de guerra de Saul, bem como sua espada (1 Sm 17.38,39), e tomou apenas seus acessórios básicos de pastor, o cajado e a funda e algumas pedrinhas para usar em sua funda (V 40). Com sua própria arma, Davi vence o gigante Golias e conquista a vitória para o povo de Deus. Muitos acreditam que Davi não estava preparado para matar apenas um gigante, mas cinco, razão esta que o leva a escolher cinco pedrinhas no ribeiro, em vez de apenas uma. Quando lemos 2 Samuel 21:15-22 e 1 Crônicas 20:1-8, aprendemos que Golias teve quatro irmãos (Com Golias, cinco), Isbi-Benobe, Safe, Lami, e um "Homem de alta estatura". Todos estes eram gigantes e filhos do Gigante Rapha em Gate[1].

Davi confiava no Senhor dos Exércitos, e tinha consciência que o segredo da sua vitória não estava em sua força, mas na força que vem do Senhor. Portanto, não necessitava de cinco pedrinhas, mas uma apenas. As outras quadro pedrinhas, no entanto, estavam reservadas para os outros quatro irmão de Golias, caso resolvessem entrar em defesa de seu irmão. Um líder cristão superará qualquer desafio quando se apropriar das armas espirituais adequadas disponibilizadas pelo Senhor (Ef 6.10-18). Um líder preparado vence qualquer gigante. 4.2. DAVI FOGE DE SAUL Sob a regência de Saul, Davi se destacou como um grande guerreiro, conquistando diversas vitórias sobre os filisteus (1 Sm 18.5). Ao ouvir de todos os feitos de Davi, Saul começou a sentir ciúmes e inveja, e este sentimento desencadeou grande perseguição contra ele, forçando Davi a fugir de sua presença, vivendo sempre sob sérias ameaças de morte como um fugitivo condenado. Neste ínterim, Davi teve inúmeras chances de dar cabo a toda perseguição, eliminando seu opositor, mas optou por não fazer justiça com as próprias mãos, confiando inteiramente na justiça divina. Isso tudo reflete de maneira clara, as qualidades positivas de Davi, bem como o líder que ele havia se tornado. Todas essas circunstancias moldaram Davi, conferindo-lhe experiências diversas e consequentemente a capacidade de ser um líder aprovado, totalmente comprometido com a causa do Deus do Israel. Todas as experiências que vivenciamos, sejam boas ou ruins são uteis para nos moldar e nos amadurecer, pois afinal “[...] todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28), isso dependerá unicamente da maneira como encaramos tudo. Devemos aprender a filtrar nossas emoções e experiências, extraindo aquilo que há de melhor em cada uma delas. Um sentimento de vingança e de competitivismo, nunca será benéfico para o líder cristão. Um líder cristão que realmente presa pela causa de Cristo, não perde tempo e nem consome suas energias tentando eliminar e sufocar aqueles que lhe são contrários, antes mantem o foco, aproveitando ao máximo o tempo e as circunstâncias para alcançar suas metas. 4.3. O FIM DE SAUL E A PROEMINÊNCIA DE DAVI Saul havia tomado um caminho indiferente àquele que o Senhor havia preparado para ele, e a consequência foi desastrosa. O destino do homem mal é se autodestruir; essa foi a sorte de Saul após haver abandonado o Senhor e ter perseguido a Davi injustamente por tanto tempo (1 Sm 31.5). Com a morte de Saul, Davi assumiu o governo de Israel parcialmente, governando apenas sobre Judá (2 Sm 2.4). Após um período de aproximadamente sete anos e seis meses, Davi enfim assume o governo total de Israel (2 Sm 5.1-5). O governo de Davi foi marcado por muitas conquistas, tanto no âmbito físico: honras, riquezas e expansão territorial; quanto no âmbito espiritual: estabelecendo o ministério dos levitas, e dos sacerdotes na casa do Senhor. Davi tinha uma preocupação com a organização litúrgica do culto divino, por isso sua primeira atitude como rei de Israel foi conduzir a arca da Aliança para Jerusalém, a capital política e religiosa da nação (2 Sm 6). Além disso organizou e estabeleceu o culto divino, instituindo cantores, porteiros, tesoureiros, sacerdotes, e provendo inúmeras outras provisões para manter o sacerdócio levítico em plena funcionalidade. A consequência disso foi que as bênçãos de Deus alcançaram todos os aspectos de sua vida, bem como de toda a nação, e experimentaram grande prosperidade e paz. No entanto, apesar de todo o seu dinamismo, Davi também cometeu alguns erros, e estes erros custaram-lhe um alto preço (2 Sm 11.1-4). Todo líder, por mais prudente e temente seja, certamente falhará em algum momento de sua vida. Contudo, um erro, não significa o fim, mais a oportunidade de um novo recomeço. Todo líder em algum momento de sua vida falhará, e muitos se prostrarão no caminho, pois nem todos conseguirão ver nos erros uma oportunidade de aprender preciosas lições.

 

5. NEEMIAS

Neemias era filho de Acalias, um dos deportados de Judá (Ne 1.1). Quando Neemias entra no cenário bíblico, ocupava a posição de copeiro-mor do rei Artaxerxes. Um cargo oficial do império, de altíssima confiança. Neemias não estava ali por acaso, ele possuía virtudes especiais que o distinguiam como um homem fiel, solidário, empático e temente a Deus. Provavelmente Neemias não conhecia de vista a terra de Judá e a cidade de Jerusalém, contudo movido por seu espírito patriota, estava sempre preocupado com bem de Jerusalém e com o remanescente do seu povo que ainda ali restavam (Nm 1.2). Quando Hanani, um de seus irmãos veio a ele juntamente com alguns de Judá, perguntou-lhes a respeito da situação dos que ainda viviam em Jerusalém, e eles responderam-lhe “[...] Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” (Neemias 1:3). Essas palavras foram suficientes para despertar em Neemias algumas atitudes imediatas: “[...] assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Neemias 1:4). Neemias amava o seu povo e estava preocupado com o seu bem-estar. O patriotismo é uma das grandes qualidades de um líder. Ninguém será capaz de deixar-se desgastar por uma causa que não lhe interessa e nem por aquilo que não se identifica. Um líder deve abraçar uma causa com a qual realmente se identifica plenamente. Como diz a famosa frase de Martin Luther king “Quem não tem uma causa pela qual morrer não tem motivo para viver”. Uma liderança forte se estabelece mediante a definição de uma causa igualmente forte. O sentimento patriota quando explorado beneficamente pode trazer grandes resultados. Países conquistaram sua independência política, ou sua libertação de regimes políticos ditatoriais, mediante o espírito patriota de seu povo. O patriota luta por sua pátria e pelos direitos comuns. Neemias não somente era patriota, como também manifestava uma profunda empatia pelo remanescente de seu povo. Todo líder deve estar disposto a se sacrificar por sua causa e por seus valores e Neemias estava disposto a se arriscar pelo bem de seu povo. Mas antes de tudo ora ao Senhor para que este lhe concedesse graça diante do rei (Ne 1.11; 2.4). Neemias usaria de sua influência como oficial do rei em benefício de seu povo, o que demonstrava seu espírito filantrópico. Líderes que não se identificam com a causa filantrópica e que não se sensibilizam solidariamente não estão habilitados para liderança cristã. 5.1. NEEMIAS DIANTE DO REI Falar ao rei seria o primeiro de todos os desafios que Neemias teria que enfrentar em sua jornada, mas ele estava bem preparado, e no momento certo contou ao rei os seus planos, e o rei os aprovaram. Neemias não somente pediu autorização para ir até Jerusalém reconstruir os seus muros, como também os recursos necessários para sua reconstrução:

“Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me permitam passar até que chegue a Judá. Como também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, para o muro da cidade e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim” (Neemias 2:7,8).

Neemias planejou tudo, pensando em cada detalhe, havia pensado e repensado muitas vezes em cada possibilidade, e isso com base apenas no relatório ouvido da parte de seu irmão Hanani. Isso demonstra um forte poder de contemplação e dedução. Está etapa seria crucial para o sucesso de sua missão. Neemias obteve o favor do rei em todo sentido. 5.2. NEEMIAS EM JERUSALÉM Ao chegar em Jerusalém, Neemias e toda a sua equipe descansaram por três dias (2.8). Mas, não compartilhou com os seus compatriotas às intenções do seu coração (2.12). Pelo menos não antes de tomar conhecimento concreto de toda aquela situação. À noite, saiu sozinho pela cidade fazendo um reconhecimento da área. Visitou todos os pontos de acesso da cidade, conhecendo o seu estado crítico. Este passo era importante para definir um plano de ação eficiente baseado em fatos. Após inspecionar cada parte da cidade, e tomado conhecimento de toda situação, agora chegou o momento de mobilizar os recursos humanos, por meio dos quais a obra seria realizada. Neemias então se manifesta ao povo com confiança:

“[...] Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada, e que as suas portas têm sido queimadas a fogo; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém, e não sejamos mais um opróbrio” (2.17).

Um líder empolgado e confiante de sua missão é capaz de contagiar seus liderados. Os cabeças das famílias espontaneamente tomaram parte na realização daquele projeto, assumindo responsabilidades específicas (Ne 3). 5.3. AS OPOSIÇÕES Toda causa tem seus admiradores e apoiadores, mas também tem os seus opositores. Quando os inimigos dos judeus viram que a obra da reconstrução dos muros se iniciava, se encheram de ira e inveja, e procuraram impedir, a qualquer custo seu progresso; contudo, Neemias sempre preparado os rebatiam de todas as formas.

  1. Tentaram desqualificar a obra (Ne 4.3), mas Neemias orou pedindo que o Senhor dissipasse o seu conselho (v 4)

  2. Uniram forças para fazer guerras ao povo que trabalhava na obra, a fim de lhes desviar o intento (4.7), mas Neemias montou guarda de dia de noite contra eles (v 8).

  3. Usaram dos falsos judeus que estavam entre os inimigos com o propósito de intimida-los com falsas notícias de guerra (v 12), mas Neemias pôs guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e distribuiu o povo por suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos (v 13). E Neemias os incentivou a permanecerem firmes e a lutarem pela causa comum (v 14)

  4. Tentaram tirar de cena seu líder “Neemias” convocando-o para um encontro, mas Neemias enviou-lhes a seguinte mensagem “[...] Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?” (6.3)

  5. Tentaram intimidá-lo por carta sugerindo uma possível rebelião de Neemias ao Rei, mas Neemias respondeu-lhes “[...] De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu, do teu coração, o inventas” (6.8).

  6. Subornaram o levita Semaías com o propósito de persuadir Neemias a entrar no templo e profanar o lugar santo, mas Neemias respondeu-lhes “[...] um homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei” (6:11)

Em todas as coisas Neemias se manifestou bem confiante e bem determinado, e ao mesmo tempo se manifestou bem flexível adaptando novas metas à medida que novas realidades e novas circunstâncias surgiam. Todo líder deve desenvolver esta capacidade. Não podemos mudar os objetivos, mas podemos adaptar as metas de acordo as circunstâncias, todavia sem perder o foco. Líderes muito dogmáticos quanto a regras falham em momentos como estes. Neemias conseguiu concluir seu grande projeto em apenas cinquenta e dois dias (6.14), o que para muitos, inclusive para os próprios inimigos, foi como que um grande milagre de Deus (v 15). Grandes líderes realizam grandes obras e deixam um grande legado. [1]https://www.webartigos.com/artigos/as-5-pedras-de-davi-uma-pedra-pra-cada-gigante/35242

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