TEXTO BÍBLICO:
“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente uns dos outros” (Rm 12.4,5).
INTRODUÇÃO
Paulo desenvolveu a alegoria de comparação da Igreja como um corpo (Rm 12; 1 Co 12; Ef 4). Essa comparação é usada para ilustrar várias verdades espirituais:
O corpo tem muitos membros, portanto a igreja de Cristo é formada por diversos crentes
A diversidade e peculiaridade dos membros do corpo ilustra a diversidade de dons espirituais e ministérios outorgados por Cristo a Igreja.
Vários são os membros do corpo, mas eles trabalham de maneira unanime e coordenada com o propósito de manter o equilíbrio do corpo.
A igreja em sua diversidade forma o corpo, mas Cristo é a cabeça, isso é ele é o responsável pela direção, equilíbrio, e vida do corpo.
Essas e muitas outras verdades podem ser ilustradas na figura da Igreja como o Corpo de Cristo, o do crente como seus membros em particular.
O CORPO E SEUS MEMBROS
O corpo humano é dividido em três partes fundamentais: cabeça, tronco e membros. Dessa maneira, a cabeça é formada pelo crânio e a face; o trono é composto do tórax e do abdômen; e, por fim, os membros são classificados em superiores (brações, antebraços, ombros e mãos) e inferiores (quadril, coxas, pernas e pés).
Na definição de Paulo, no entanto, membro é qualquer parte externa do corpo humano que exerce uma função básica. Isso envolve praticamente todas as partes visíveis do corpo: cabeça, orelhas, ouvido, olhos, nariz, braços, mãos, pernas, pés (1 Co 12.12-31). Jesus também se referiu aos membros do corpo em termos mais gerais (Mt 5.29). O corpo humano e seus membros são usados como comparações, para ensinar lições espirituais. Não se pretende apresentar uma definição exata da anatomia humana, como é hoje definido pela medicina moderna.
Na perspectiva de Paulo, o Corpo é uma representação perfeita da Igreja, pois apesar de seu todo, é composto por diversos pormenores, os membros. Da mesma forma a igreja de Cristo é única, mas composta por diversos membros, isso é, os crentes em particular. Nisso se destaca a individualidade em relação a totalidade, e a totalidade em relação a individualidade.
A INDIVIDUALIDADE DOS MEMBROS DO CORPO
“Pois assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma função, assim nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e individualmente membros uns dos outros” (Rm 12.4,5)
As partes externas do corpo humano “por hora denominado membro”, tem características e funções específicas. Isso fala de uma anatomia própria e função própria. Alguns membros do corpo podem até substituir outro, mas nunca a coordenação será a mesma. Por exemplo, alguém que não tem os braços, pode desenvolver habilidades com os pés, no entanto essa substituição sempre será deficiente.
No Reino de Deus, cada crente em particular, constitui um membro do corpo funcional de Cristo, e por isso tem uma função específica no Reino. Essas funções específicas falam das variedades de dons e ministérios concedidos por Cristo à sua igreja.
Todo crente verdadeiramente convertido, torna-se um membro do corpo de Cristo, e, instantaneamente recebe de Cristo seu lugar no corpo. Nosso lugar no corpo definirá qual será nossa função, isso é, quais dons ou ministérios exerceremos na igreja.
Os dons são concessões de Cristo à sua igreja (EF 4.8). São outorgados visando a edificação do corpo de Cristo, isso é, a igreja de um modo geral. Portanto, o exercício dos dons, visa fortificar os laços de união entre os membros e seu equilíbrio perfeito para com a cabeça, que é Cristo.
Portanto, os dons espirituais jamais devem ser usados como propósitos egoístas. Os dons são de Cristo, e devem cumprir os propósitos de Cristo para com sua igreja. Cada membro do corpo de Cristo tem responsabilidades a cumprir. Essa responsabilidade se aplica a três dimensões principais: a si mesmo, ao demais membros, e a Cristo.
No que se refere a si mesmo, é competência do membro do corpo de Cristo, buscar sempre aprimoramento e aperfeiçoamento espiritual, com o propósito de promover seu crescimento em Cristo.
No que se refere aos demais membros, o membro do corpo de Cristo tem a responsabilidade de buscar manter o equilíbrio do corpo, sua edificação, e crescimento. Enquanto exerço os dons e talentos que Deus me concedeu na igreja, promovo minha própria edificação, e a edificação das pessoas que me ouvem ou me observam. “E não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento concedido por Deus” (Cl 2.19).
No que tange a Cristo, “a cabeça”, nossa responsabilidade, é cuidar em honrar a Cristo todo tempo, recebendo e cumprindo os comandos que partem dele para as nossas vidas.
Os membros do corpo são interdependentes, isso é, depende plenamente da conexão com o corpo e com os demais membros. Portanto, nenhum membro do corpo é autossuficiente. Isso pode ilustrar duas verdades principais: que nenhum crente sobrevive desligado de Cristo, e nem tampouco desligado da comunhão da igreja.
O CONCEITO BÍBLICO DE IGREJA
A igreja é a reunião dos salvos. O termo igreja vem de raiz grega “Eklesia” e significa, “os tirados para fora”. A igreja são os salvos, individual e coletivamente. Mas isso não significa que o crente pode sobreviver como igreja, de maneira individual e solitária, pois o conceito de coletividade, reunião, ajuntamento, sempre está associado ao princípio bíblico de Igreja. O crente é igreja individualmente, enquanto se encontra ligado ao corpo, e a coletividade é igreja, enquanto considera a individualidade ou diversidade de seus membros, e enquanto ligados a Cristo, à cabeça.
Todos os comandos do corpo provem da cabeça, onde se encontra o cérebro, o ponto de comando e equilíbrio de todo corpo.
Já vimos muitos corpos vivos sem um braço, pernas, pés, orelha, nariz, olho, etc; mais nunca vimos, e nem jamais veremos um corpo vivo sem cabeça, isso simplesmente é impossível. Da mesma forma é impossível a igreja sobreviver sem cristo (Jo 15.1-6).
O corpo humano é formado por diversos ossos, que são entretecidos por músculos e nervos, possibilitando a operação devida de todo corpo. Mas todo comando, até mesmo um simples mexer no dedo mínimo da mão, parte do celebro. Essa verdade ilustra nossa dependência de Cristo, e a interdependência dos membros do corpo de um modo geral (1 Co 12.26).
A igreja de Cristo é universal, invisível e indivisível (Hb 13.23), mas se manifesta fisicamente por meio dos salvos que se reúnem em torno da pessoa de Cristo (Mt 18.20). Isso não se limita à essa ou aquela denominação evangélica, nem a igreja A ou B, mas àqueles que realmente experimentaram o novo nascimento em Cristo (Jo 3.3,5). O exclusivismo denominacional é mais uma característica básica das seitas.
COMO SE TORNAR MEMBRO DO CORPO DE CRISTO
A conversão é o único meio de nos torarmos membros do corpo espiritual de Cristo. A verdadeira conversão é evidenciada quando há arrependimento sincero da parte do pecador. Ao crermos em Cristo, e confessarmos publicamente nossa fé em Jesus (Rm 10.9,10), recebemos como penhor o Espírito Santo. Ele é responsável por criar a nova criação de Deus em nós.
Essa concessão do Espírito Santo é chamada de batismo do Espírito: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós, foi dado beber de um só Espírito” (12.13). Este batismo não é o mesmo batismo com “ou no” Espirito Santo, que um evento pós salvação, que tem como proposito capacitar os crentes para o serviço cristão e para a obra missionária (At 1.8), mas um batismo no corpo de Cristo, nos concedendo a capacidade de pertencermos a Igreja Universal de Cristo.
Tornar-se um membro do corpo de Cristo, também não se limita aos que são batizados em águas, que passam a ser alistados no rol de membros da Igreja, o corpo físico de Cristo. Apesar do batismo em águas ser uma importante doutrina do Novo Testamento, e necessária a todo crente, o novo nascimento não se limita a ele. Não batizamos em águas para sermos salvos, mas porque somos salvos. Não se trata de um ato para salvação, mas pela salvação, isso, é, sou salvo, então me batizo.
No entanto, no que refere a pertencer ao corpo espiritual, Cristo apenas é quem pode realizar essa obra por meio do Espírito Santo. Nessa tarefa a igreja física entrará apenas com a pregação do evangelho, e o acolhimento do neoconverso.
COMPETÊNCIA DO MEMBRO DO CORPO DE CRISTO
Competência é a responsabilidade que nos compete como membros do corpo de Cristo.
Já falamos um pouco sobre esse assunto, e aqui iremos tratar de maneira mais extensa para que possamos compreender todas as implicações desta responsabilidade.
Como já falamos, essa responsabilidade abrange três aspectos básicos: a si mesmo, os demais membros e o próprio Cristo. Aqui iremos abordar principalmente a responsabilidade do crente para com o corpo de Cristo, isso é, sua igreja.
Essa responsabilidade se resume em uma palavra “edificação”, qualquer ação individual do crente na Igreja que não contribua para a edificação mútua dos demais membros, simplesmente será desnecessária.
A edificação da Igreja envolve aspectos como: Crescimento, Estruturação, Consolidação, Maturação.
Crescimento
O crente deve empregar todo o seu potencial espiritual afim de promover o crescimento dos demais membros do corpo de Cristo, segundo a medida de seu chamado ou vocação na Casa de Deus:
De modo que, tendo diferentes dons segundo a graça que nos foi dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com zelo; o que usa de misericórdia, com alegria” (Rm 12.6-8). “não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.11).
Se o crente hesita em cumprir sua responsabilidade conforme a medida do dom de Cristo, então é considerado um crente negligente, e a negligência é um pecado grave.
O crente deve procurar abundar na posse dos dons espirituais, afim de que os frutos de seu trabalho sejam também mais amplos (1 Co 14.12).
O crescimento dos demais membros da igreja se dá pela dinâmica de nosso serviço cristão, portanto, quanto mais abundante for, melhor.
Estruturação
A igreja de Cristo, também é comparada a um edifício, que vai sendo construído dia após dia (EF 2.21). Todo edifício deve crescer de acordo com a sua estrutura, ou sua capacidade de resistência. Cristo, ou a doutrina cristã é a base da construção da igreja de Cristo (Ef 2.20; 1 Co 2.11).
A condição ativa do crente como membro do corpo de Cristo promoverá a estrutura do corpo, isso num processo gradativo e progressivo.
A firmeza ou estrutura da igreja é consequência do exercício adequado dos dons ministeriais na igreja (Ef 4.11-16).
Consolidação
Consolidar significa dar solidez. Em termos espirituais representa a compreensão e a vivência adequada de todas as doutrinas cardeais da fé. A unidade na igreja é fruto de sua consolidação na fé: “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13).
É dever de todo crente ajudar a promover unidade no corpo de Cristo, através da prática da fraternidade, da paz e da união. O corpo jamais permanecerá unido se lhe faltar esses elementos tão vitais.
Maturação
A maturidade é a fase adulta da vida crista, esse é o alvo de Deus para todo crente. A faze da maturidade é faze que o crente tem seus sentidos bem exercitados, e pode alcançar todo o seu potencial de frutificação. Nós fomos chamados para darmos frutos, e frutos com abundancia (Jo 16.15).
A IMPORTÂNCIA DOS MEMBROS NO CORPO DE CRISTO
Um membro do corpo é uma peça importante do mesmo, um corpo só é considerado normal se possuir todos os membros em perfeito exercício. Cada membro possui suas características próprias, bem como uma função especifica. Nenhum membro do corpo é insignificante, ou sem valor, por mais que aparentemente não seja assim tão virtuoso.
Paulo diz: “Antes, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários; e os membros do corpo que reputamos serem menos honrados, a esses revestimos com muito mais honra; e os que em nós não são decorosos têm muito mais decoro, ao passo que os decorosos não têm necessidade disso. Mas Deus assim formou o corpo, dando muito mais honra ao que tinha falta dela, para que não haja divisão no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado uns dos outros. De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele (1 Co 12.22-26).
Aparentemente existe aqueles membros que parecem ser mais fracos, outros menos honrosos, outros indecorosos, mais todos eles são importantes, visto dentro de sua área de atividade ou função. Os membros do corpo são interdependentes, de maneira que quando um dos membros do corpo está doente, todo o corpo padece juntamente.
CONCLUSÃO
O “corpo” lembra a igreja, os “membros” o crente, e a “função” exercida pelo membro no corpo, lembra nossos dons e mistérios. Isso significa que, se nos consideramos um membro ativo do corpo, então temos alguma habilidade a ser exercida no contexto de nossa igreja. Não existe essa história de que somos crentes, mais não temos nenhuma função, nenhum dom específico, um crente de banco apenas. Todo crente verdadeiro tem uma função no corpo.
Essa função nos é concedida pela soberania divina, que distribui os dons à sua igreja como ele quer: “Mas agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis” (1 Co 12.18). Não escolhemos quais dons ou ministérios exerceremos, e nem podemos cometer o erro de desvio de função. Devemos servir naquilo a que fomos chamados:
“Tu, porém, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério” (2 Tm 4.5). “Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado” (1 Co 7.24)
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