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A PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS - NOSSA RESPONSABILIDADE NO REINO DE DEUS

Atualizado: 7 de mai.

INTRODUÇÃO

A parábola dos dez talentos está inserida no contexto do sermão profético de Jesus, o que confere a esta parábola um aspecto escatológico. Isso não significa que ela tenha um teor puramente profético, mas que ela nos revela aspectos relevantes sobre o Reino, a Igreja de Cristo e o tempo do fim. Ela demonstra que é necessário cumprir nossa responsabilidade com relação ao Reino de Deus, sendo bons administradores daquilo que Deus depositou em nossas mãos, pois afinal nunca sabemos quando o nosso Senhor retornará e requererá contas.

A parábola é um recurso de linguagem muito utilizado nas Escrituras. Uma Parábola significa literalmente "colocar coisas lado a lado", isso é; se utilizar de uma figura conhecida “coisas do cotidiano” para ilustrar uma verdade desconhecida.

A intenção de Cristo ao proferir a parábola dos dez talentos é demonstrar a verdade de que Deus espera que cumpramos nossa responsabilidade no Reino, na condição de servos ou mordomos seus.

 

O CONCEITO DE MORDOMIA A LUZ DAS ESCRITURAS


No conceito bíblico, ser um mordomo de Cristo implica em ter responsabilidade de administrar os bens que Deus depositou em nossas mãos. Um mordomo ou administrador deve sempre lembrar que os bens que ele administra não são na verdade seus, mas de outrem. Um dia seremos convocados para uma prestação de contas (Mt 25.19).

A maneira como Deus lida com a questão da distribuição das tarefas pertinentes ao Reino, e como ele espera que os seus servos ajam diante desta responsabilidade, estão claramente ilustradas nessa parábola.

Além disso, a parábola dos dez talentos reflete alguns aspectos da natureza de Deus, que seus servos precisam conhecer e estar atentos: “Deus é amor, mas também é justiça; Deus é misericórdia, mas, também é juízo”.

 

DEUS É SEVERO, MAS TAMBÉM É MISERICÓRDIA

A massa cristã, de uma forma geral, tende a se prender em um único aspecto da natureza de Deus – o que acaba prejudicando-os no que tange ao seu empenho na execução das tarefas que o Senhor nos tem delegado. Não podemos nos deixar levar por nenhum dos extremos, seja de pessimismo, ou de falsa perspectiva ou excesso de confiança .



Todos nós precisamos de uma motivação para executarmos determinadas tarefas. No Reino de Deus isso não é diferente, contudo, essa motivação não deve contemplar parcialmente aquilo que Deus é ou determina. Por isso as Escrituras nos recomendam: “Considera, portanto, a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para contigo, desde que permaneças firme na bondade dele; do contrário, também tu serás excluído” (Rm 11.12). Devemos agir no Reino mediante as motivações corretas.

A parábola dos dez talentos nos adverte sobre aquilo que Deus realmente é, e o que ele realmente espera que façamos no que tange aos dons e talentos que ele nos deu para negociarmos, isso é “administrar” no contexto do Reino.

 

O NÚMERO 3 NA SIMBOLOGIA BÍBLICA


Na simbologia bíblica o número 3 sempre está associado a completude. Este número é usado para representar a Trinidade ou a Triunidade de Deus. Jesus não utilizou o número três por mera coincidência. O número três vem representar aqui a totalidade dos servos de Deus na dispensação da Igreja.

É nos dito que, aquele senhor, dividiu os seus bens com todos os seus servos, e que aqueles servos eram ao todo três. No entanto aqueles três servos não eram serviçais qualquer, eles eram mordomos ou administradores de sua casa ou fazenda. Eram servos que tinham sob sua autoridade outros diversos servos.

 

A DISTRIBUIÇÃO DOS BENS

“Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens” (Mateus 25:14)

O senhor desta parábola era um homem detentor de grandes riquezas. Se ele existisse hoje, no mínimo ele seria considerado um milionário. Ele tinha em seu poder oito (8) talentos de ouro. Um talento correspondia a aproximadamente 35 quilos. Isso, em termos de moeda atual, daria uma soma de dinheiro enorme.

Podemos inferir que aquele senhor tinha em seu poder muitas propriedades e bens antes de decidir entregar os seu dinheiro aos seus mordomos. E, para manutenção de toda aquela grande fazenda, precisava mobilizar e manter diuturnamente uma quantidade enorme de serviçais ou capital humano. Lidar diuturnamente com pessoas é sempre uma tarefa árdua e estressante.

Os três servos deste contexto não eram simples serviçais, eles eram administradores ou mordomos. Um mordomo era alguém responsável ou encarregado pela gerência de uma determinada propriedade, área, casa ou negócio. Portanto, podemos deduzir que aqueles servos tinham sob sua responsabilidade outros diversos servos. É justo pressupormos também, que eles se utilizariam deste capital humano em sua meta de multiplicar os talentos recebidos do seu senhor, pois afinal de contas ninguém consegue trabalhar sozinho, ainda mais quando se trata de uma meta de duplicação de valores tão elevados.

Desta forma podemos deduzir que aqueles oito (8) talentos distribuídos aos seus três mordomos, consistia na fase 2 daquele plano.

Tudo indica que aquele senhor não estava mais disposto a investir em um negócio que exigia tanto dele, ou que o esgotasse tanto, ele estava realmente disposto a mudar de tática, sem prejudicar o seu capital financeiro e nem seu capital humano. Distribuir toda aquela riqueza aos seus três principais administradores seria a opção ideal; além de manter suas expectativas de lucro, estaria valorizando e dando oportunidades aos seus servos; não somente de demonstrar suas capacidades administrativas, mas, também de se tornar-se participante daquilo que pertencia a seu senhor.

Trazendo para o contexto do Reino, Deus sempre investe em seus servos. Ele nunca rejeita um servo (Jo 6.37), mesmo que as chances de ele enterrar o seu talento sejam muito grandes. Deus prefere investir e não ter retorno, do que ser acusado de não ter acreditado no potencial humano.

 

MOTIVAÇÃO PARA A DIVISÃO DOS BENS


Ao propor aquela divisão, podemos deduzir que o senhor daqueles servos tinha alguns objetivos em mente:

 

Descansar, tirar umas férias

Apesar de este ponto não estar tão claro, isso pode ser deduzido do texto. Aquele senhor estava deliberadamente disposto a tirar um tempo para si; ele estava literalmente esgotado e afadigado com tudo e precisava com urgência de um pouco de tranquilidade e paz.

Outro ponto que reforça este conceito é que “ele saiu para uma terra bem distante”, e que logo após ter delegado a responsabilidade de cada servo ““...ausentou-se logo para longe” (Mateus 25:15). Esta atitude sugere que ele desejava apressuradamente fugir de tudo aquilo, contudo, não de uma forma tola ou irresponsável, por isso ele cogitou cada detalhe. Isso lembra o fato de que Jesus após comissionar os seus discípulos retornou para céus (Mt 28.19,20)

A narrativa da parábola indica claramente que aquele senhor, apesar de parecer um tanto desesperado e impulsivo, tinha tudo sobre controle. Ele havia pensado em todas as possibilidades, inclusive na possibilidade de deixar o seu dinheiro com os banqueiros (v 27). Isso sem dúvida, também lhe garantiria certo lucro, mas não atendia todas as expectativas daquele senhor; essa possibilidade ficaria em um segundo plano.

Deus entregou aos seus servos a responsabilidade de administrar os seus bens “dons” no contexto do Reino, no intuito de promovê-lo “negociar”. Apesar de serem homens dotados de falhas, Deus tem plena certeza dos resultados, no final de tudo os resultados ainda serão satisfatórios.

 

Obter lucros com o negócio dos seus mordomos

A primeira impressão que temos de tudo isso é que aquele homem estava sendo um tanto precipitado ou sendo um tanto impulsivo. Quem, em sã consciência é capaz de sair para uma terra distante deixando todos os seus bens nas mãos de outrem? Por mais que sejamos tentados a pensar assim, aquele senhor estava agindo sob uma boa dose de racionalidade; ele tinha boas razões para tudo aquilo.

Tudo havia sido pensado nos mínimos detalhes. Aquele Senhor já tinha uma previsão quase que certeira de como tudo sucederia, isso é, ele podia antecipar com certa segurança quais seriam os resultados.

Ninguém em sã consciência seria capaz de depositar uma quantia tão grande nas mãos de pessoas estranhas sem uma visão adequada de quais seriam os resultados. Ele estava certo de que o seu dinheiro seria no mínimo duplicado. Ele estava apostando em uma meta de dobrar os seus bens.

 

Testar os seus servos

O senhor daqueles servos, apesar de ser descrito como um homem severo (Mt 25.24,25), era, em seu íntimo um homem bom, que buscava o bem daqueles que o serviam.

Ele estava dando aos seus servos não somente uma oportunidade de demonstrar suas capacidades administrativas, mas, também, a capacidade de serem coparticipantes daquilo que pertencia ao seu senhor. A expressão “entra no gozo do seu senhor” chama a nossa atenção para isso.

O fato é que aquele senhor não buscava apenas lucros, ele buscava homens fiéis para estabelecer uma parceria segura. A expressão “entra no gozo do seu senhor” significa que eles, a partir de então, seriam não apenas mordomos, mas, coparticipantes dos bens do seu senhor.

 

CADA UM RECEBEU CONFORME A SUA CAPACIDADE


Jesus fez questão de acrescentar este detalhe na narrativa: “E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um cada um segundo a sua capacidade” (Mt 25.15). Esta simples informação abre caminho para algumas conclusões sobre o método de distribuição aplicado por aquele senhor.

A conclusão que temos de primeira mão é que aquele senhor foi injusto na distribuição dos valores. Contudo, quando analisamos de perto, percebemos que o seu método de distribuição foi o mais justo possível, pois incluía tanto a questão do lucro, como a questão da inclusão ou da oportunidade.

Em seu método de distribuição aquele senhor aplicou aquilo que podemos chamar de lei da reciprocidade. A reciprocidade leva em conta uma distribuição baseada no princípio da correspondência ou da proporcionalidade. Como alguém que queria manter o seu negócio e seu lucro, mas, também que valorizava as pessoas com base em sua capacidade; ele agiu de forma correta.

Aquele senhor conhecia bem os seus servos, sabia que um era um administrador extraordinário e seria capaz de multiplicar com facilidade o que lhe fosse delegado; da mesma forma o segundo. No entanto, também sabia que existia ali um que poderia não ser tão eficaz em sua administração, mas que também merecia uma oportunidade de demonstrar sua capacidade e, também de ser coparticipante dos bens do seu senhor. Todos merecem receber uma oportunidade, mesmo sabendo que nossa confiança nelas podem ser frustradas.

Vamos acompanhar de perto o raciocínio daquele senhor ao delegar responsabilidades aos seus servos. Julgando a priori que, seu desejo e proposito era obter resultados “lucros”, e conquistar sócios, isso é “coparticipantes” dos seus bens.

Todo este raciocínio nos leva a refletir como Deus age no seu Reino e quais são suas reais intenções quanto aos seus servos. Deus, que nessa passagem está sendo representado por aquele senhor, deseja igualmente obter lucros “resultados no reino”. Ele não quer e nem vai abrir mão disso, no entanto, Deus deseja também conquistar para si herdeiros seus, e coerdeiros com Cristo (Rm 8.17). Para sustentar os dois pontos, Deus precisa agir de uma forma sábia na distribuição dos seus bens aos seus servos “mordomos do Reino”.

A aplicação da lei da reciprocidade na distribuição dos bens, rendeu aquele senhor outros sete (7) talentos.

  • O que recebera 5 granjeou mais 5 = lucro de 5 talentos

  • O que recebera 2 granjeou outros 2 = lucro de mais 2 talentos

  • O que recebera 1 não granjeou nenhum = 0 talentos de lucro

O senhor daqueles servos obteve um lucro de 7 talentos. Portanto, ele obteve um total de 15 talentos de ouro.

Havia outras três formas de fazer as distribuições daqueles talentos, contudo, nenhuma outra forma atenderia perfeitamente as reais intenções daquele senhor.

 

AS LEIS DA RECOMPENSA

  • Lei da arbitrariedade. A lei da arbitrariedade sugere que aquele senhor deveria ter investido em um único servo apenas, evidentemente o que recebera 5 talentos. Se ele conseguiu transformar 5 talentos em 10, não havia dúvidas de que ele teria conseguido, igualmente transformar os 8 talentos em 16, resultando num total de 16, e isso seria 1 talento a mais do que no exemplo anterior.

  • Lei da classificação. A lei da classificação sugere que aquele senhor deveria ter investido nos dois primeiros servos apenas, pois eles se classificavam como administradores excepcionais, que não ofereciam qualquer risco às suas expectativas de lucro. 8 talentos distribuídos entre os dois - 4 para cada um - eles teriam, com certeza, conseguido duplicar os valores, totalizando igualmente 16 talentos.

  • A lei da igualdade. A lei da igualdade nem sempre é justa, pois sempre tem alguém que faz mais que outros, que são mais ativos, se doam mais, que são mais efetivos etc. É por isso que os regimes políticos socialistas não funcionam. Não seria justo dar a mesma quantia a todos, e isso incorreria em um prejuízo maior. Se fossemos aplicar a lei da igualdade nesse caso teríamos o seguinte resultado:

  1. O primeiro servo receberia 2,66 talentos

  2. O segundo servo também receberia 2,66 talentos

  3. E o terceiro servo também teria recebido 2,66 talentos

Os dois primeiros servos teriam duplicado os seus valores e teriam obtido cada um, 5,32 talentos. O último não teria tido nenhum resultado, portanto o resultado seria o mesmo 2,66. Desta forma teríamos o seguinte resultado 5,32+5,32+2,66 = 13,36. 2,64 menos talentos do que nos dois exemplos anteriores, e 1,64 menos do que no primeiro exemplo.

Desta forma, a distribuição segundo a lei da igualdade teria frustrado a expectativa de lucro daquele senhor, e teria desperdiçado daquele primeiro servo que era mais competente. Isso é simplesmente inaceitável para qualquer homem de negócio e o é também para Deus.

Deus nos concede os dons espirituais no intuito de que os administremos bem em prol do Reino. Deus quer resultados, mesmo o mínimo (Mt 25.26,27). Assim como no caso da parábola, não haverá tolerância para aqueles que forem negligentes e irresponsáveis na administração dos seus talentos.

 

O COMPORTAMENTO DOS SERVOS DIANTE DE SUA RESPONSABILIDADE

E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor” (Mateus 25:16-18).

Esta fase seria a parte mais importante para aqueles servos, pois esta fase seria determinante para estabelecer os resultados.

Sem dúvida alguma, aquele senhor não esperava que todos os servos adotassem a mesma tática de negociação. Ele esperava que cada servo usasse as suas próprias táticas para alcançar os seus objetivos.

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O fato de ele ter distribuindo com base na lei da reciprocidade, indica claramente que ele estava valorizando as qualidades de cada um. Todos os servos tinham potencial para administrar o que recebeu e obter sucesso e eram livres para escolher suas próprias táticas.

Todo aquele processo seria uma verdadeira corrida contra o tempo, afinal de contas, ou cedo ou tarde chegaria o momento da prestação de contas. Além do quesito do tempo, os servos deveriam estar atentos, também a outras questões como oportunidade, estratégia e tática.

Sobre os dois primeiros servos, a narrativa traz o seguinte: “E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois”. A palavra negociar traz a ideia de “comprar e vender”, esta é a tática mais usada no mundo dos negócios. Para isso, no entanto, a compra deve ser sempre uma boa compra e da mesma forma a venda.

A tradução Viva traz a seguinte declaração: “O homem que recebeu 5.000 moedas começou imediatamente a comprar e vender com elas, e logo ganhou outras 5. 000. O homem que tinha 2. 000 moedas foi direto trabalhar também, e ganhou outras 2. 000” (Mt 25.16,17). Isso significa que eles saíram imediatamente para fazer negócios, pois achavam que o tempo era precioso.

Para os despenseiros do Reino, o tempo também é precioso, nós como servos ou mordomos de Cristo precisamos estar atentos para este detalhe. Outro ponto importante que merece nossa atenção é quanto ao fator “negociar” ou administrar. Devemos usar as melhores e mais eficazes estratégias no propósito de promover o Reino de Deus.

O último servo fez justamente o contrário: “Mas o homem que tinha recebido as 1. 000 cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro, para guardá-lo em segurança” (v 18). O texto parece sustentar que aquele servo sequer tentou administrar o que lhe foi dado ou se tentou desistiu logo no início. Apesar de estar preocupado em guardar com segurança o que era de seu senhor, ele estava agindo sob as razões erradas, pois o seu Senhor não queria receber apenas o que havia dado, ele queria receber o seu dinheiro no mínimo duplicado.

Mesmo tendo capacidade de administrar o que lhe foi dado pelo seu senhor, aquele servo preferiu optar por ser omisso, negligente e irresponsável; e para sustentar sua omissão, ensaiou aquilo que seria a sua justificativa para sua omissão.

 

APRESTAÇÃO DE CONTAS

E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes (Mateus 25:19-30).

O teor escatológico desta parábola recai sobre o fator de que haverá uma prestação de contas. Assim como o senhor da parábola do Semeador, Deus um dia requererá contas dos seus servos.

Deus tem os seus próprios paramentos de julgamento e por isso não aceitará qualquer justificativa para a omissão no Reino.

Os dois primeiros servos foram louvados pelo seu Senhor porque cumpriram as suas expectativas, e como forma de retribuir-lhes pelo seu trabalho e esforço, oferece-lhes participação nos seus bens. Isso significa que a partir daquele momento eles seriam considerados não mais servos, mas sócios daquele senhor.

Deus, ainda hoje, oferece-nos a chance de sermos coparticipantes de todos os seus bens. As Escrituras nos apresentam essas promessas confortadoras.

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer” (João 15:14,15).

É interessante notar que Jesus incrementa um detalhe importante: “Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei”; esse detalhe nos chama a atenção para o fato de que, por mais que as coisas desta vida sejam importantes (mesmo os próprios dons e capacidades que temos) não podem ser comparadas com as bênçãos advindas, que Deus realmente preparou para os seus servos:

“Mas, como está escrito: as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Coríntios 2:9).
“Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada” (Rm 8.18).
“O amor jamais morre; todavia, as profecias deixarão de existir, as línguas cessarão, o conhecimento desaparecerá. Porquanto em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, no entanto, chegar o que é perfeito, o que é imperfeito será extinto” (1 Co 13.8-10).
 

CONCLUSÃO


O servo omisso foi taxado pelo seu senhor de “mal e negligente servo”. Aquele senhor não estava sendo dramático, mas realista.

Existe por aí um ditado bem verdadeiro que diz: “Quem realmente quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa”. O servo infiel e imprudente apresentou muitas desculpas para sua omissão: “Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu”.

Seu senhor não o desmentiu em sua declaração, ele admitiu que era realmente duro, às vezes, e que as vezes era exigente e severo, contudo, deixou explicito que o problema daquele homem não estava no que o seu senhor era, mas no que o servo havia decido ser e em suas escolhas. Ele havia escolhido ser omisso, mesmo estando ciente de sua capacidade; ele havia escolhido ser negligente e irresponsável mesmo sabendo que isso teria consequências, portanto, sem misericórdia o senhor daquele servo determina, “Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos” (Mateus 25:28).

Assim como o Senhor desta parábola, Deus não vai aceitar as desculpas que as pessoas apresentam para justificar sua omissão no Reino, portanto, sejamos prudentes e nos despertemos enquanto ainda temos tempo, pois breve o nosso Senhor virá e requererá contas aos seus servos.


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