TEXTO BÍBLICO:
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mateus 5:20).
INTRODUÇÃO
Nessa cessão, que abrange os versículos (20-48) do capítulo cinco de Mateus, vamos estudar sobre a reinterpretação de Jesus de alguns mandamentos do decálogo “dez mandamentos”, especialmente os relacionados ao próximo, e alguns outros, extraídos do código legal principal dos judeus, a Torá. Jesus não veio ab-rogar a lei e os profetas “tanakh”, mas cumprir (v 17). Ao satisfazer plenamente às exigências da Lei de Moisés, Jesus se viu no direito legal de reinterpretar essa lei para acomodar-se a nova dispensação fundada por ele “a graça”. A dispensação da graça, seria marcada pelo amor e misericórdia, e acima de tudo o juízo e a justiça de Deus. O juízo e a misericórdia, já eram valores presentes na lei de Moisés (Mt 23.23), mas, haviam sido esquecidos por causa da insensibilidade dos religiosos daquela época. Eles se apegavam mais aos aspectos punitivos da Lei, e esqueciam de exercer a misericórdia e a fé. Ao reinterpretar a lei, Jesus estava, na verdade, resgatando os elementos essenciais da lei, e que estavam esquecidos. Jesus diz aos seus discípulos: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” Mateus 5:20. Diferentemente do muitos pensavam, a nova religião fundada por Jesus, não pretendia afrouxar os princípios morais da lei de Deus, para que as pessoas encontrassem mais facilidade em cumprir a sua vontade. Mas, pelo contrário, ganharia um caráter mais elevado, fundamentado nos elementos essenciais da lei “o Juízo, a misericórdia e a fé” (Mt 23.23) O homicídio Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo (Mateus 5:21). Jesus inicia citando o sexto mandamento do decálogo (Ex 20.13), e em seguida Jesus expões sua nova versão, segundo a expectativa do Reino de Deus “Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno. A versão ou a emenda que Jesus faz no mandamento, têm algumas peculiaridades. A essência do antigo mandamento continuaria intacta, mas Jesus acrescenta alguns detalhes muito importantes. Não somente o ato em si, seria considerado homicídio, mas as intenções de coração que o motivava.
Aquele que sem motivo se encolerizar contra seu irmão, será digno da mesma condenação de homicídio “o juízo”. “Encolerizar” significa “Provocar cólera; sentir ira ou zanga; causar irritação; irritar-se”[1]. O sentimento de raiva, ira, cólera contra o próximo é o principal promotor do homicídio.
Qualquer que disser ao seu irmão “raca”, será réu do Sinédrio. “Raca” é um termo injurioso, equivalente a vil ou desprezível[2]. O Sinédrio era a corte superior dos judeus, responsável por julgar e condenar os culpados segundo a Lei de Moisés.
Qualquer que disser ao seu irmão “louco”, será réu do fogo do inferno. O inferno é a condenação final de todos os que praticam a iniquidade, e dos que alimentam maus intentos contra o próximo.
O verdadeiro significado da palavra “Louco”, é desconhecido, como da palavra “Raca”, sem dúvida, o que Jesus condena aqui não é o simples pronunciamento de uma palavra ofensiva, mas, a intenção ou o sentimento que move essas pessoas a isso. Apenas um coração mal, pode manifestar tais atos contra o próximo. “o juízo, o Sinédrio, e o fogo do inferno”, é, na linguagem figurada de Cristo, um correspondente para “a condenação”. Em nossa convivência com nossos irmãos na fé, às vezes os magoamos e ferimos com palavras ou atos. Às vezes isso acontece mesmo intencionalmente. De qualquer forma, mesmo sem intensão, devemos reparar nossa culpa, pedindo perdão ao nosso irmão ofendido. No ensino de Jesus sobre a ofensa, ele diz: Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta (Mateus 5:23,24). Até mesmo uma simples oferta pode ser rejeitada por Deus, caso ele encontre um sentimento indiferente entre os irmãos. A ação de reconciliação deve ser iniciada pelo ofensor, ou mesmo pela pessoa ofendida, que queira a cura para sua alma. A condição para encontrarmos o perdão de Deus é perdoando. O perdão não é uma tarefa simples, mas necessária. O crente deve cultivar essa virtude para que possa gozar de todas as bênçãos do Reino de Deus. Se ofendemos alguém, devemos buscar reparar nossa culpa através da reconciliação. Se isso não ocorrer somos passiveis do juízo e do fogo do inferno. Os versículos 25,26 “Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”, é uma referência ao juízo de Deus sobre aqueles que negligenciam a necessidade de perdão e reconciliação, e insiste em achar que está tudo bem. Enquanto há tempo, há esperança. O adultério “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:27,28). O adultério ou a infidelidade conjugal, é o pecado que um cônjuge comente contra o outro. A origem da palavra adultério vem da expressão latina “ad alterum torum” que significa “na cama de outro(a)”. O termo adultério pode ser usado tanto para definir a infidelidade em um relacionamento entre dois indivíduos quanto, em sua forma verbal ou adjetiva, para se referir a algo que foi “fraudado” ou “falsificado” (adulterar/ adulterado)[3]. Nas Escrituras, tanto no Antigo, como no Novo Testamento o adultério é condenado. Na Lei de Moisés, a sentença do pecado de adultério, era a pena de morte (ver Jo 8.3-5; conf. Lv 20.10).
Jesus perdoou uma mulher adúltera, e impediu que ela fosse apedrejada (Jo 8.1-11). Ao proceder assim, Jesus deixou patente que qualquer pecado pode ser perdoado, desde que aja arrependimento e abandono total da prática. Jesus disse a mulher adúltera “vai-te, e não peques mais” (v 11b). Em outra passagem Jesus afirmou que veio ao mundo justamente para salvar os pecadores “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31,32). Esse elemento principal chamado “misericórdia” é que distinguiria a nova doutrina de Cristo da lei de Moisés. A lei de Moisés condenava sem misericórdia os pecadores, já a lei de Cristo ofertaria-lhes uma chance de arrependimento e de um novo começo. O Adultério do coração
Jesus perdoou uma mulher adúltera e não a condenou. Sua doutrina, no entanto, não abrandou o pecado de adultério. O adultério ainda seria um pecado mortal, e não somente o pecado em si, mas a própria cobiça que o motiva. “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”. O adultério do coração é o desejo impuro que motiva o adultério, e para Jesus já era o suficiente para contaminar a alma e trazer o juízo de Deus. Mas, o que venha a ser o adultério do coração, e como podemos evitar esse tipo de pecado? Ainda mais nos dias hodiernos, onde a sensualidade é aplaudida como uma virtude, em vez de pecado. O homem moderno se veste cada dia pior, principalmente as mulheres, basta sairmos de nossa casa para depararmos com pessoas expondo suas partes intimas, com suas roupas extravagantes. O adultério do coração é um sentimento de cobiça involuntário que brotando no coração, vai sendo alimentado por pensamentos impuros, até se tornar uma escolha consciente. Quando se torna uma escolha consciente, então se classifica como “adultério”, por mais que o pecado de adultério em si não tenha sido consumado. O simples fato de admiração, ou apreciação de virtudes em uma pessoa não se classifica pecado. Mas devemos tomar cuidado ao explorar essas qualidades. Nas palavras de Jesus o pecado de adultério do coração só existe quando se “atenta para uma pessoa com desejo impuro ou cobiça” (v 28). Quando analisamos os versículos (29 e 30), podemos ver, a princípio um certo exagero da parte de Jesus, ao tentar evitar o pecado, “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”. A cobiça vem por meio dos sentidos do corpo, “visão, audição, olfato, tato e paladar”. Mas o ser humano, para ter uma vida normal carece destes sentidos, então o que fazer? Ficar com eles e pecar, ou arrancá-los e evitar o pecado? A palavra de Jesus pode ser dura, mas ele não disse que arrancar um dos membros seria a única opção para evitarmos o pecado. Jesus disse “se”, “o teu olho, ou tua mão direita te escandalizar”. A ideia que Jesus queria que os discípulos entendessem, é que a vida eterna é mais preciosa que o corpo ou seus membros. Jesus apenas estava ensinado uma lição de valores. Valeria a pena abrir mão de um dos membros do corpo se isso fosse nos garantir a vida eterna. Se um dos membros do corpo estiver nos trazendo problemas, Jesus estava oferecendo a solução perfeita; arrancar e lançar fora. Mas, podemos usar o mesmo princípio de Jesus em relação aquilo que, de fato, está nos levando ao pecado. Se cobiçamos e pecamos, o problema não está no olho, mas no coração (Mc 7.21), a fonte de todos os maus desejos. “Podemos arrancar tudo isso e lançar fora”, através de nossa perfeita subordinação a Cristo “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça (Romanos 6:12,13). Se os nossos membros são membros de justiça, não vamos mais ter problemas com qualquer um deles. O divórcio “Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de fornicação, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério” (Mateus 5:31,32). O divórcio é uma das questões éticas mais discutidas no contexto cristão. Existe os prós, e os contra, e àqueles que não defende nem um extremo e nem o outro. Está é a primeira referência deste tema no Novo Testamento. Mais adiante, Jesus tornou a referir-se sobre o assunto, em Mateus 19.1-9, mediante uma pergunta direta dos fariseus; “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? ” (Mateus 19:3). Com base no princípio original, Jesus explica, que a vontade de Deus é que o matrimônio seja indissolúvel. O matrimônio instituído por Deus, o qual daria origem a família, seria a união de um homem e uma mulher, e que a partir de sua união de tornariam uma só carne. E acrescenta: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (v 6b). O resumo que Jesus faz de seu discurso sobre o divórcio, em Mateus 19, é muito similar ao do contexto em estudo: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (v 9). As duas referências em Mateus, menciona uma tal chamada “exceção” para o divórcio; quando o conjugue comete infidelidade conjugal “prostituição, fornicação”. O significado destas palavras é um tanto abrangente e pode significar “qualquer prática sexual ilícita”, fora do contexto do casamento. Em Marcos (10.1-9), essa exceção é omitida, como em toda Bíblia não se fala mais sobre isso, o que leva alguns a acreditar que essa “exceção”, não fazia parte do texto original do livro de Mateus, e foi acrescentado posteriormente por um editor. Por mais que isso seja possível, não me parece coerente. Pois pode gerar muitos problemas com relação a autenticidade de muitos outros textos da Bíblia. Por enquanto, prefiro me posicionar da seguinte maneira: Deus criou o matrimônio para ser indissolúvel, mas, por causa das limitações humanas, Ele permite o divórcio por infidelidade do cônjuge. Afinal, Deus não nos chamou para a escravidão, mas para liberdade. Em alegoria, o próprio Deus deu carta de divórcio a Israel por sua infidelidade (Jr 3.8). É claro que antes de pensar em divórcio, o cônjuge ofendido, deve procurar primeiras outras opções, como o perdão e reconciliação. Se esgotadas as opções não haver solução, o divórcio pode ser a última alternativa. O perjúrio Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis...” (Mateus 5:33,34). Perjurar é deixar de cumpri um juramento feito a Deus, ou não fazer caso dele. Juramento, do latim iuramentum, é a afirmação ou a negação de algo, geralmente pondo Deus como testemunha. Um juramento, por conseguinte, é uma promessa ou uma declaração invocando algo ou alguém[4]. A intenção do juramente é dar mais confiabilidade a promessa que se faz. O juramento é uma espécie de pacto ou voto, e isso era comum nos tempos bíblicos. As pessoas eram livres para fazer juramentos ou votos, desde que cumprisse o que havia prometido. O não cumprimento do juramento podia acarretar sérias consequências. Por isso, recomenda o escritor de Eclesiastes: “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires. Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos? ” (Eclesiastes 5:4-6). Em deuteronômio 23.21-23, Moisés também recomenda: “Quando fizeres algum voto ao Senhor teu Deus, não tardarás em cumpri-lo; porque o Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém, abstendo-te de votar, não haverá pecado em ti.O que saiu dos teus lábios guardarás, e cumprirás, tal como voluntariamente votaste ao Senhor teu Deus, declarando-o pela tua boca. Jesus, no entanto, aboliu de vez qualquer tipo de juramento “Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis...”.
Nem pelo céu, porque é o trono de Deus (v 33)
Nem pela terra, é o estrado de seus pés (v 34)
Nem por Jerusalém, porque é cidade do grande Rei (v 34)
Nem pela própria cabeça porque não podemos tornar um cabelo branco ou preto (v 35)
Jesus, citou aqui, os quatro pontos principais, tomado como base do juramento dos judeus. Ninguém está à altura de tamanha responsabilidade, pois o ser humano é repleto de limitações. O homem não tem controle nem sobre sua própria vida, pois não pode sequer evitar que seus cabelos fiquem brancos. Quanto mais aquilo que está além de nós, como o céu, a terra, e a cidade de Deus. Jesus resume este assunto dizendo: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” (Mateus 5:37). Os crentes de hoje, parece não ter compreendido bem as palavras de Jesus. Em toda parte, se vê pessoas fazendo juramentos, promessas, votos. Muitas pessoas ainda estão cometendo perjúrio nos dias atuais, pelo fato de não consegui cumprir promessas e votos feitos a Deus. As palavras de Jesus aqui, devem ser levadas a sério. Atentemos para as palavras do Apóstolo Tiago: “Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação (Tiago 5:12).
A lei do Talião Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente (v 38). Essa menção de Jesus vem de de duas passagens do pentateuco “Torá”. Êxodo 21.24,25 “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe”. Deuteronômio 19.20). “O teu olho não perdoará; vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. A lei do Talião era um recurso da lei de Moisés que permitia a pessoa ofendida retribuir ao ofensor o mesmo dano feito a ele. Em outras palavras permitia vingar-se de seu ofensor. Existia alguns parâmetros a serem seguidos que determinava quando esta lei se aplicava ou não. Na ética do Reino os valores se invertem totalmente: “Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes” (Mateus 5:39-42). “Resistir ao mal” é uma referência a vingança. Na ética do Reino de Deus a vingança pertence ao Senhor: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor (Rm 12.19). “Bater na face direita”, “tirar-te a túnica”, “caminhar uma milha”, eram ofensas de primeiro grau, mas que os judeus, possuídos por um sentimento vingativo, não perdiam a oportunidade de se vingar do transgressor em uma situação semelhante. Jesus, no entanto, ensina uma retribuição diferente “oferece-lhe também a outra”, “larga-lhe também a capa”, “vai com ele duas”. Este não seria um gesto de humildade, mas de complacência, isso é; “disposição habitual para corresponder aos desejos ou gostos de outrem com a intenção de ser-lhe agradável”[5]. Isso é o oposto da vingança. Apesar de não se aplicar a todos os casos, o sentimento de complacência será uma forte arma contra o coração que busca a ofensa. Jesus nos ensina a confiar e esperar na justiça de Deus. Deus é a nossa justiça. O amor ao próximo Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo (Mateus 5:43) Esta parece ser mais uma conclusão do que uma citação da torá. Ou talvez uma citação da tradição judaica. De qualquer forma, essa citação era bem conhecida dos religiosos daquela época. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; (Mateus 5:44). No contexto do Reino de Deus não haveria espaço para este preceito e nem para aqueles que o cumpriam. O verdadeiro cristão não tem inimigos, mas muitos se fazem inimigo do crente, e nossa atitude para com eles deve ser de “amor, bondade, e de estima diante de Deus”. Isso é o que verdadeiramente nos identifica com cristãos, e como filhos de Deus. Na condição de ser humano limitado, nem tudo depende de nós, mas quando depende, devemos procurar sanar qualquer resquício de inimizade “Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”. Deus espera que façamos, justamente como ele faz, “Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos (Mateus 5:45). E nisso está a nossa recompensa. Jesus se sacrificou por nós e espera que façamos o mesmo por seu Reino. A vida cristã e uma vida de sacrifícios (v 46). CONCLUSÃO Quando observamos cuidadosamente os versículos 41-48, o texto base deste breve estudo, passamos a entender o verdadeiro sentido das palavras de Jesus, quando disse: “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus”, (Mateus 5:20). A justiça, em mais elevado conceito, é a marca principal do Reino de Deus. Se queremos fazer parte desse reino, precisamos entender o conceito de justiça divina. [1]https://www.dicio.com.br/encolerizar/ [2]https://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=+raca [3]https://www.infoescola.com/sociologia/adulterio/ [4] https://conceito.de/juramento [5] Fonte: dicionário do Google
Comentarios