INTRODUÇÃO O trabalho ou o serviço cristão é uma forma genérica de se referir aos múltiplos aspectos práticos e operacionais do Reino de Deus. Prático vem de prática; o serviço cristão é a prática das atividades pertinentes ao Reino de Deus, atividades estas que têm por finalidade sua manutenção e promoção.
As atividades que se realizam no contexto do Reino de Deus são atividades de cunho cooperativo e não meramente práticas isoladas ou solitárias. Por isso, se faz necessário que a igreja tenha conhecimento do conceito de cooperação, operação, funcionalidade, além daquelas que se relacionam ao conceito de renúncia e abnegação. Estes aspectos do Reino de Deus estão exemplificados nas muitas figuras bíblicas utilizadas para representar o serviço cristão. 1. FIGURAS QUE EXEMPLIFICAM O SERVIÇO CRISTÃO As Escrituras se utilizam de diversas figuras para exemplificar o serviço cristão em seus múltiplos aspectos: Lavoura, plantação (1 Co 3.9). Cada crente é um cooperador, um ceifeiro, um trabalhador na ceara do Mestre Jesus. · Edifício, templo (1Co 3.9; Ef 2.21). Cada crente é um obreiro da obra de Deus, cada obreiro executa a parte que lhe cabe no contexto desta grande construção. · Corpo (1 Co 12). Cada crente é um membro funcional do corpo de Cristo. · A pesca (Mt 4.19; Mc 1.17). Cada crente é um pescador de almas, alguém habilitado para lançar as redes do evangelho e pescar peixes para Cristo. · A guerra (2 Tm 2.3). Cada crente constitui-se um soldado de Cristo. Fomos alistados por Cristo para guerra (2 Tm 2.2-4). · Atleta (2 Tm 2.5). Todo crente é um atleta de Cristo que corre a corrida da fé, no propósito de alcançar o prêmio, isso é, a recompensa final “a vida eterna”. Todas estas figuras ilustram algo em comum: primeiro, uma ideia geral de trabalho, labor, sacrifício; segundo, uma ideia de tarefa conjunta ou de cooperatividade, e por último, uma ideia geral de recompensa. Ninguém poderá sozinho atender todas as demandas impostas por essas figuras. · A plantação. Ninguém poderá plantar uma grande lavoura, cuidar e colher os frutos sem o emprego de um certo sacrifício; isso exigirá trabalho, fadiga, labor, e acima de tudo paciência “...Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia” (Tiago 5:7), mas, ao final de tudo virá a recompensa, isso é, o “gozar dos frutos”; “porque o que lavra deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Coríntios 9:10; cf. 2 Tm 2.6). Contudo, uma pessoa sozinha não conseguirá alcançar resultados satisfatórios, deverá contar com a colaboração de outros trabalhadores. Já no início, Jesus afirmara que a seara era grande, mas poucos os trabalhadores (Lc 10.2), esta realidade ainda perdura atualmente e de forma muito mais acentuada. · A construção arquitetônica. Do mesmo modo ninguém será capaz de construir uma grande obra arquitetônica sem sacrifícios, e sem a mão de obra qualificada. Uma grande construção arquitetônica exige não somente mão de obra qualificada, mas, também, diversificada. Apesar de cada operário realizar a tarefa que lhe compete, todos são operários da obra e cada um receberá a recompensa conforme o seu trabalho prestado. O trabalhador tem direito ao seu salário, e no tempo certo Deus recompensará os operários que se ocupam do serviço do Reino de Deus. · O Corpo. O corpo, apesar de ser um, possui vários membros, e os membros trabalham em conjunto, em total sintonia; contudo, apesar de não ser perceptivo o trabalho executado por cada membro, eles exercem um papel individual que alude o emprego de certo sacrifício. Esse processo é chamado de funcionalidade. O corpo é a figura mais significativa para representar o conceito de cooperação e funcionalidade. Cristo é a cabeça do corpo, e todas as recompensas que são oriundas de Cristo “a cabeça” para o seu corpo “a igreja”, serão desfrutadas por todos os seus membros “os crentes em Cristo”, tanto no sentido individual como coletivo “. · A pesca. Uma pesca sempre exige labor, paciência, atenção, estratégia. Um pescador sozinho não consegue muitos resultados, mas diversos pescadores trabalhando em conjunto são capazes de alcançar resultados significativos em uma pescaria. O evangelho é comparado a uma grande rede que quando lançada ao mar apanha uma grande quantidade de peixes (Mt 13.48,49). Portanto, carece da cooperação de diversos pescadores (Lc 5.5-7). A recompensa neste caso está muito evidente. · A guerra. A guerra destaca de uma forma bem mais significativa o conceito de abnegação e sacrifício. A disposição do soldado de sofrer qualquer infortúnio por sua pátria ou pela causa de seu país, destaca de forma privilegiada sua renúncia e abnegação. A guerra lembra aflições “Tu pois, sofre as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” (2 Timóteo 2:3,4). Na guerra vemos tanto o aspecto da renúncia e da abnegação, como também o aspecto da coerção. O soldado que está no campo de guerra e deseja defender sua pátria ou salvar sua própria vida não tem muitas alternativas senão avançar, isso significa “lutar, batalhar”. · O atleta. Essa figura ilustra o aspecto bem evidente da recompensa. Um atleta não entra na competição simplesmente por competir, ele entra no intuito de conquistar a recompensa. Mas como diz Paulo, o atleta “...não é coroado se não militar legitimamente” (2 Timóteo 2:5). Isso nos lembra sacrifícios no aspecto da disciplina e da dedicação. Paulo faz uma reflexão de como deve se portar aqueles que almejam o prêmio: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Coríntios 9:24-27). 2. OS SALVOS E SUA CONDIÇÃO DE SERVOS As Escrituras contemplam, ao mesmo tempo, diversas funções ou ocupações que refletem nossa condição de serviçais no exercício de nossas atividades no contexto do Reino. 1. Escravo, servo (Gl 1.10; Ef 6.6). Esta é uma das figuras mais significativas para representar nossa real condição perante o Senhor. O crente é um servo de Cristo, e servir na própria perspectiva do Senhor significa doar ou doar-se “...Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. (At 20.35). O crente que é servo oferece o seu serviço ao Reino de Deus, e no tempo certo será recompensado por Ele. A nossa condição de servos tem um aspecto vertical e ao mesmo tempo horizontal. Somos servos de Cristo “vertical”, mas o objeto de trabalho é o nosso próprio semelhante “horizontal”. 2. Ministro. Um termo geralmente usado para designar os oficiais da igreja. Significa remador ou àquele que rema. Temos atualmente carências de bons ministros de Cristo. 3. Obreiro. O obreiro é aquele que trabalha na obra. O bom obreiro é aquele que se ocupa com o seu trabalho, e o faz com certa dedicação e satisfação, sabendo que é certa sua recompensa (1 Co 15.58). 4. Pescador. Jesus disse aos seus discípulos “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19). Todos os salvos são, na perspectiva cristã um pescador de almas. 5. Soldado. O agente ativo da guerra. Fomos alistados por Cristo para a guerra, e como afirma Paulo, o bom soldado não “...se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra” (2 Timóteo 2:4). 6. Atalaia. A atalaia é aquela que vigia ou observa. A atalaia tem a função de observar e alertar a respeito dos últimos acontecimentos, sejam eles notícias boas ou más. Deus disse ao profeta Ezequiel: “Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra e avisá-los-ás da minha parte” (Ezequiel 3:17). Na Nova Aliança todo crente é uma atalaia de Cristo, como também um vigia de si mesmo (Mc 13.33). Todas essas ocupações lembram o serviço cristão visto por perspectivas diferentes. Todas essas ocupações nos reportam para um conceito único: “trabalho, fatiga, labor, sacrifício” e muitos outros que podem ser alistados que lembram a mesma ideia. 3. OS DIVERSOS ASPECTOS DO SERVIÇO CRISTÃO 3.1. O CULTO CRISTÃO O culto é, sem dúvida, um dos aspectos mais relevantes do serviço cristão, e o culto está intimamente ligado a ideia de sacrifício (Rm 12.1,2). Esta ideia, contudo, não é peculiar da Nova Aliança, mas, está presente no conceito geral de culto no A.T. Podemos definir o culto como o ato de oferecer algo ou como é evidenciado no Novo Testamento (Rm 12.2), o ato de se oferecer. Na lei de Moisés encontramos sempre essa exortação: “...ninguém apareça vazio perante mim” (Êxodo 23:15) cf. Ex 34.20; Dt 16.16). O culto, portanto, era um momento específico de oferenda ao Senhor, e esse “oferecer” traz a ideia de “sacrifício”. Quando nos sacrificamos em prol de algo e de alguém, abrimos mão de algo que nos é próprio ou peculiar, ou pelo menos damos um novo sentido no emprego de nossos dotes, talentos, capacidades. O serviço cristão, portanto, traz o conceito de abrir mão de algo que nos é precioso, “nosso tempo, dotes, talentos, vontades próprias”, não no sentido descartá-las, mas no sentido de usá-las para o interesse exclusivo de outrem, no caso, o Senhor Deus. Estes conceitos acima relacionados deixam patente que a realização do serviço cristão exige de nós determinado sacrifício. Não podemos pensar que vamos trabalhar para Deus sem pagarmos um certo preço. Tudo tem o seu preço. Estamos acostumados, baseados no sistema trabalhista moderno a termos sempre uma remuneração ou recompensa pelos serviços prestados. Por esse motivo, não aceitamos muito a ideia de um trabalho prestado que não podemos ver uma recompensa concretam imediata. Por esse motivo é, até difícil na atualidade encontrarmos voluntários para a realização das muitas tarefas e atividades pertinentes ao Reino de Deus. No mínimo as pessoas estão exigindo uma troca simbólica (um cargo, uma função eclesiástica, honras etc.). Podemos observar que hoje em dia as pessoas não querem mais ofertar diretamente a igreja “oferta voluntária”, antes exige uma troca simbólica por sua contribuição, o que na verdade não pode ser considerado mais contribuição, mas, uma espécie de barganha. Se só contribuímos quando alguém nos dá algo concreto em troca, na verdade não estou doando, mas fazendo uma barganha ou negociando. A venda de determinados objetos ou produtos de primeira necessidade como comida, bebida e roupas etc., cada vez mais comuns nas igrejas atualmente, tem tido grande influência sobre isso. As pessoas só querem contribuir quando recebem algo concreto em troca ou no mínimo quando há a esperança de obter uma recompensa concreta imediata, como nos casos de rifas, bingos, sorteios, entre outros. Os diversos aspectos que formam o culto, adoração, louvor, exposição da palavra, contribuição, estão intimamente ligadas ao conceito de doar e, portanto, de sacrifício. Precisamos entender de uma vez por todas que o culto é o momento dedicado ao sacrifício a Deus. No sistema expiatório do antigo testamento quatro coisas eram imprescindíveis para que o sacrifício fosse realizado: · Um altar. No caso o altar dos holocaustos. · Um sacerdote. Aquele que oferecia o sacrifício · Uma oferta. Aquilo que seria oferecido. · Um ofertante. Aquele que trazia a oferta ao sacerdote · Um ofertante. Aquele que trazia a oferta ao sacerdote. Sem estes elementos básicos não era possível realizar o sacrifício. Na Nova Aliança, contudo, todos estes elementos estão convergidos na pessoa única do adorador: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis “sacerdote, ofertante”, os vossos corpos “sacrifício, altar”, em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Romanos 12:1. Paulo resume dizendo que o culto cristão é um culto racional “lógico”, isso é, que é oferecido espontaneamente pelo adorador, e que esse culto é uma de sacrifício a Deus, mas não um sacrifício morto, mas um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. Portanto, o culto é um lugar de oferendas e de sacrifícios, e não meramente um ambiente propicio para se receber bençãos de Deus. Às bençãos de Deus sobre os adoradores vem por consequência da aceitação do sacrifício. A benção de Deus se manifesta em forma de edificação, exortação, consolação, pelo exercício dos dons espirituais (1 Co 14.26). 3.2. O AUXÍLIO AOS NECESSITADOS Nenhum tema é tão citado nas Escrituras quanto o tema do auxílio aos necessitados. A verdade bíblica é que Deus se preocupa com aqueles que vivem em condição de vulnerabilidade, os pobres, os órfãos, as viúvas, os desamparados etc. Na lei dada a Moisés, Deus garantiu aos necessitados amparo constitucional. Deus sempre manifestou um cuidado especial pela causa dos pobres e necessitados. Na lei mosaica encontramos diversas leis que os amparavam. Esse cuidado se manifestou em diversos aspectos como podemos observar abaixo:
Assegurando-lhes todos os seus direitos civis (Ex 23.23)
Assegurando-lhes o sustento (Ex 23.11; Lv 19.10; 23.22; 27.8)
Assegurando-lhes o direito à prática e ao exercício religioso de acordo às suas posses (Lv 14.21)
O direto de redimir suas posses e herança mediante um parente próximo (Lv 25)
Assegurando o combate à desigualdade social (Nm 15)
Assegurando-lhes proteção em casos de inadimplências (Dt 24.12.15)
Deus mesmo se manifestou como um defensor da causa do pobre e dos necessitados (Sl 12.5; 34.6; 35.10; Sl 113.5-7; Pv 14.31; 17.5; 19.17), e prometeu abençoar aqueles que também o fazem (Sl 41.1). A filantropia e a causa social são aspectos relevantes da missão da igreja de Cristo nesse mundo. Não podemos desassociar uma coisa da outra. 3.2.1. JESUS Jesus é nosso maior exemplo de filantropia, compaixão e empatia. Ele se entregou a si mesmo pela causa do homem: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (João 15:13). No cumprimento de seu ministério terreno sempre se manifestou pela causa dos pobres, constituindo a filantropia como um dos pilares do evangelho (Mt 19.21; Mc 10.21; Lc 14.27). O Evangelho seria pregado aos pobres e estes o receberiam com todo coração (Lc 4.18; 7.22). Jesus fez da causa filantrópica sua própria causa ao proferir estas palavras:
“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim” (Mateus 25:41-45). 3.2.2. OS CRISTÃO PRIMITIVOS Os crentes primitivos entenderam plenamente o princípio ensinado por Jesus, aplicando-o a sua vida comunitária cotidiana; a Bíblia afirma que eles tinham tudo em comum (At 2.44,45). Entre eles não havia necessitado algum “[...] porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (Atos 4:34,35). Ao tratar a respeito deste tema com os crentes da Galácia, Paulo declara:
“[...] quando conheceram a graça que me fora dada, Tiago, Cefas e João, que pareciam ser as colunas, deram a mim e a Barnabé as destras de comunhão, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres; o que também procurei fazer com diligência”
Paulo realizava constantemente coletas entre as igrejas, e destinava os recursos aos irmãos necessitados de outras partes (Rm 15.26,27; 2 Co 8.1-4). Na segunda carta ao Coríntios, Paulo dedicou um capítulo inteiro exaltando e confirmando a disposição comunicativa dos coríntios em relação a dar e receber (2 Co 9). E em outra parte exorta “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Rm 12.13). O apóstolo Tiago também introduz indiretamente o tema filantropia ao tratar da acepção de pessoas: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar também algum pobre com traje sórdido. E atentardes para o que vem com traje esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: Fica em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? Ouvi, meus amados irmãos. [...] Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores. Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos” (Tg 2.1-5, 8-10) A ação filantrópica constitui um princípio da lei divina, intrinsecamente ligado ao mandamento “amarás o próximo com a ti mesmo” (Tg 2.8). Aquele que omitir-se de cumprir esse pequeno detalhe, tornou-se transgressor de toda a lei divina e é, portanto, culpado. Servir ao próximo é um dos pontos chaves da doutrina cristã, e isto está intimamente relacionado a nossa missão como servos de Deus. O ministério diaconal surgiu na igreja primitiva por ocasião de uma questão envolvendo má administração dos recursos físicos da igreja no cuidado das viúvas: “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária” (At 6.1) A palavra diácono significa servo; o diácono exerce seu ministério atendendo principalmente os aspectos físicos da obra de Deus, e principalmente os de cunho social e filantrópico. Todos nós fomos chamados para servir, este exemplo Jesus nos deixou, “Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:45). Ao se despedir dos crentes efésios Paulo os exorta veementemente: “Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber” (At 20.35). Jamais podemos desassociar a missão da Igreja de Cristo na terra da causa social. Como dissemos anteriormente, toda causa espiritual deve ter como alvo principal o ser humano, isso é, o seu bem. Quando a igreja, ou grupos específicos da igreja trabalham na promoção da causa filantrópica e social, estão pregando o evangelho da forma mais perfeita e mais eficaz possível, pois estão refletindo como a sua atitude o próprio exemplo e a pessoa de Cristo. Servir ao próximo constitui um dos aspectos do serviço cristão mais significativos e, ao mesmo tempo determinante para que os que estão lá fora vejam as boas obras de Cristo em nós (Mt 5.16). Além dos aspectos aqui relacionados podemos citar outros dois igualmente relevantes: 1. O auxílio aos enfermos. “Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tiago 5:13-15). Jesus também fala sobre a questão da hospitalidade “Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25:37-40). Jesus deixou bem explicito que quando agimos com hospitalidade para com o nosso próximo na verdade estamos fazendo a ele mesmo. 2. O ministério de visitas. O ministério de visitas também está intimamente ligado ao aspecto social da missão da igreja. É uma necessidade gritante dos nossos dias. Paulo recomenda aos romanos: “Comunicai com os santos nas suas necessidades” (Romanos 12:13). Comunicar aqui não tem o sentido de “conversar, confessar”, mas, sim “dar, doar”, estar dispostos suprir as necessidades de nossos irmãos. O ministério de visitas permite-nos conhecer de perto as necessidades de nossos irmãos, tanto no sentido físico “alimentos, roupas, remédios”, quanto aos problemas afetivos e espirituais. Comer, beber, vestir é vital para a sobrevivência do ser humano, contudo, as necessidades do ser humano não se limitam a isso apenas. As pessoas têm, também, necessidades de afeto, de um abraço, um beijo, atenção, como também necessidades espirituais que só poderão ser conhecidas mediante o contato direto. 4. DEUS TEM RECOMPENSA PARA SEUS SERVOS Mas a verdade é que Deus também tem recomeça para aqueles que executam o seu trabalho, contudo, seus critérios de recompensar se manifestam um tanto diferentes em todos os aspectos. A primeira questão de devemos considerar sobre a recompensa de Deus é que sua recompensa total é futura. Portanto, o que fazemos para o Reino hoje devemos considerar como uma espécie de investimento: “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Provérbios 19:17). Um investimento que terá um retorno certo e um tanto significativo “...porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais?” (1 Coríntios 9:10,11). E, em outra passagem Paulo afirma: “E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência, superabundeis em toda boa obra, conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia e pão para comer também multiplicará a vossa sementeira e aumentará os frutos da vossa justiça; para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus” (2 Coríntios 9:8-11). CONCLUSÃO Fica evidente que Deus recompensa os seus servos também no presente, como uma espécie de bônus, e no futuro a vida eterna. Consideremos as palavras ditas por Jesus que parece aludir de forma clara os critérios ou os parâmetros que Deus usa para recompensar aos seus servos: “Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos darão; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo” (Lucas 6:38). As expressões “boa medida, recalcada, sacudida e trasbordando” alude o fato que a recomeça de Deus excede o conceito comum de equivalência.
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