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A AUTORIDADE DE DÉBORA, A OUSADIA DE ANA, E A DISPOSIÇÃO DE MARIA

Atualizado: 7 de dez. de 2022

INTRODUÇÃO

Na cultura judaica, as mulheres tinham papeis pré-definidos e limitados. A ocupação das mulheres, no geral eram de esposas e mães de filhos. Isso podia incluir também, o trabalho braçal, no cultivo da agricultura, ou auxilio no cuidado pastoril, ou ainda na indústria familiar de tecidos, etc. Por mais que esse quadro tenha mudado hoje, em Israel, as mulheres ainda não conseguiram igualdade com os homens no que diz respeito ao exercício religioso e civil, como ocorrem na maioria das culturas ocidentais. Por ser a mulher criada da costela do homem, e ser posta como sua auxiliadora, os judeus entendiam que o papel das mulheres deveriam ser sempre inferior à dos homens, e totalmente subordinado a eles. Ensinavam que essa era a vontade original de Deus. No entanto, por mais rígidos fossem os judeus com relação ao papel das mulheres, historicamente se conhece que eles eram mais flexíveis no trato com as mulheres do que muitas culturas orientais daquele tempo, que ainda existem hoje. Apesar da cultura judaica ser uma cultura totalmente machista, existiam leis específicas que protegiam as mulheres. MULHERES QUE SE DESTACARAM No transcorrer da história judaica, muitas mulheres se destacam, ocupando funções importantes. Miriã, irmã de Moisés e Arão era profetiza; Débora foi juíza e também profetiza em Israel; Ester foi rainha do maior império mundial de sua época “o império medo-persa”. Rute a moabita, e Raabe a meretriz aparecem na genealogia de Jesus como suas ancestrais. Nomes de mulheres não eram admitidos nas genealogias judaicas. No Novo Testamento a realidade se repete. Ao incluir mulheres no governo político e religioso da nação (como no caso de Débora e Ester) Deus deixa transparecer que as mulheres são parte do plano redentivo de Deus, não somente coerdeiras das mesmas promessas, mas também despenseiras dos mistérios de Deus. A REVOLUÇÃO FEMININA Jesus iniciou o movimento de revolução das mulheres. Jesus ratificou a participação das mulheres no plano de redenção de Deus, não somente como coparticipantes da Salvação, mas, também como despenseiras, coparticipantes do ministério cristão. Ele deu provas disso admitindo mulheres em seu ministério terreno. Jesus contrariou os costumes judaicos ao dialogar com uma mulher samaritana. “Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)” (Jo 4.9). “E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe perguntou: Que é que procuras? ou: Por que falas com ela?” (Jo 4.27).

A mulher samaritana, além de estrangeira, era uma mulher sem prestígio social. Já tinha se casado por 5 vezes, e seu marido atual, não era seu marido (Jo 4.17,18). Para algumas pessoas daquela época ela era caraterizada como meretriz ou prostituta. Eis a razão porque ela foi apanhar água no poço ao meio dia. Este é o período mais quente do dia, e uma hora em que as mulheres de honra da cidade não apanhavam água. O encontro de Jesus com a mulher samaritana não foi uma simples coincidência, foi intencionalmente. Após seu encontro com Jesus a mulher samaritana voltou pra cidade e testificou sobre Cristo “vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito; porventura não é este o Cristo?” (Jo 4.29). E no versículo 39 encontramos a seguinte afirmativa “e muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito”. A mulher samaritana foi o instrumento usado por Jesus para levar a salvação aos samaritanos. O testemunho de uma mulher na cultura judaica não era aceito, Jesus, no entanto quebrou este tabu, fazendo dela uma testemunha eficaz da mensagem de Salvação. O TRATO DE JESUS PARA COM AS MULHERES Jesus curou muitas mulheres: a sogra de Pedro (Mt 8.14-15); ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9.18-23), curou e permitiu que fosse tocado por uma mulher que tinha hemorragia (Mt 9.20-22). Uma mulher com fluxo era considerada ritualmente impura. Curou a filha da mulher cananeia (Mt 15.11-15). Curou uma mulher enferma (Lc 13.11-13). Libertou Maria Madalena de sete espíritos imundos (Lc 8.2) Além disso Jesus deu ênfase especial às mulheres, deixando-as servi-lhe em seu ministério terreno (Mc 15.40,41). Elas supriam as necessidades de Jesus e de seus discípulos com suas fazendas, isso é; seus bens, e o acompanhavam por onde ia. (Lc 8.2,3). ESCOLHIDAS POR CRISTO PARA LEVAR AS NOVAS DA RESSURREIÇÃO Conforme a narrativa de (Mt 28.1-10), as primeiras pessoas, a visitarem o sepulcro, foram duas mulheres: Maria Madalena e outra Maria (provavelmente a mãe de Tiago conforme Mc 16), (v 1). Enquanto estavam diante do sepulcro houve um grande terremoto e um anjo aparecendo removeu a pedra do sepulcro e assentou-se sobre ela. E dirigiu-lhes as seguintes palavras: “Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para Galileia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito” (Mt 28.7). A narrativa de Marcos 16.1-8 diverge em alguns aspectos mas, enfatiza a mesma verdade: que as mesmas mulheres levaram as boas novas da ressurreição aos discípulos, acrescentando ainda Salomé. A narrativa de Lucas 24.1-12 enfatiza a mesma verdade acrescentando à lista das mulheres, Joana e outras que com elas estavam (10). DESIGNADAS POR CRISTO PARA A EVANGELIZAÇÃO As mulheres, foram, igualmente, designadas por Cristo para a evangelização. A promessa do derramamento do Espírito Santo veio sobre todos (os quase 120 irmãos) que estavam reunidos no Cenáculo. Aquela multidão era, sem dúvida, composta por homens e mulheres. Jesus disse que o propósito fundamental do derramamento do Espírito era a capacitação para a evangelização (At 1.8). Na comissão dos discípulos em (Mt 28.19; Mc 16.15,16) as mulheres também são inclusas. A ordem de Jesus era para ensinar todas as nações (as nações são compostas de homens e mulheres) e fazerem delas discípulos de Jesus (Mt 28.19). O PERFIL DA MULHER VIRTUOSA NO ANTIGO TESTAMENTO O papel da mulher nos tempos bíblicos do A.T. era ser esposa, dona de casa e criar filhos. Às vezes, também, ajudavam na provisão de casa, auxiliando no cultivo da agricultura (Jz 13.9; Pv 31.16), no trabalho pastoril (Gn 29.6,9), e na indústria familiar de tecidos (Pv 31.13), etc. Uma mulher que preenchia estes requisitos era considerada uma mulher virtuosa. Virtuosa significa dizer que era uma mulher que possuía características ou qualidades, que aos olhos da moral, religião e sociedade, eram louváveis. O modelo da mulher virtuosa, encontra-se em Provérbios 31.10-31). Muitas mulheres do A.T. se comportaram como tal, como exemplo, podemos citar Sara esposa de Abraão, Rebeca, Rute, Ester, mas a mulher de provérbios 31.10-31, excede todas elas em excelência e perfeição. A mulher virtuosa de Provérbios, continua ainda sendo o modelo de excelência para a mulher Cristã da atualidade. Abaixo alistamos as principais características da mulher virtuosa. Como já dissemos estas qualidades são vistas a partir do prisma doméstico-familiar.

  • A princípio, o que distingue a mulher virtuosa da mulher comum é sua preciosidade e raridade, por isso é comparada aos rubis (uma pedra raríssima e preciosa) (v10).

  • Bondade (v11)

  • Voluntariedade (v13)

  • Poder Organizacional e Administrativo (v15)

  • Prudência (v16,26)

  • Carisma (v20)

  • Precaução e Capacidade Provedora (18b, 21)

  • Sua Capacidade de Conciliação (v27). A capacidade conciliadora da mulher virtuosa é extraordinário. Ela consegue manter em equilíbrio a vida conjugal, doméstica (trato com os filhos e empregados), e o trabalho. Manter o equilíbrio das áreas da vida é um dos maiores desafios da vida cristã, no entanto, isso constitui a base para o sucesso cristão.

O PERFIL DA MULHER VIRTUOSA NO NOVO TESTAMENTO O papel da mulher no N.T. segue as diretrizes básicas do A.T. No entanto, alguns outros aspectos são inseridos ao perfil da mulher cristã. Como discorremos acima, Jesus revolucionou o papel da mulher, incluindo-a no ministério religioso. As mulheres sempre foram menosprezadas no trabalho religioso e na vida social, mas a luta delas pela igualdade vem tendo resultados nas sociedades modernas e principalmente na forma como são vistas no contexto eclesiástico. Isso pode ser considerado uma grande conquista para as mulheres cristãs. Além de Jesus, o N.T apresenta uma perspectiva nova para o perfil da mulher cristã. O Novo Testamento define a mulher cristã não somente como uma esposa, que cuida de filhos, mas, como uma pessoa que tem um chamado divino, para cumprir um determinado ministério no Corpo de Cristo, isso é; sua igreja. Quando aceitamos a Cristo, nos tornamos membros do seu Corpo espiritual, a Igreja. Esta é a condição de todos os salvos perante Cristo. Ser membro do corpo de Cristo implica em ter uma função especifica no corpo. Cada membro de um corpo tem funções diferentes. Paulo trata desse tema detalhadamente em 1 Coríntios 12.12-31. Os dons espirituais descritos em 1 Coríntios 12.8-10, são, portanto, para todos. Do mesmo modo podemos encarar os descritos em Romanos 12.6-8. São dons de governo prático úteis para o governo da igreja. Estes também são destinados aos membros do corpo de Cristo, portanto, homens e mulheres. Ali Paulo menciona profecia, ministério, ensino, exortação, repartir, presidir, misericórdia. E ainda deixa a solene recomendação de cumprir cada ministério segundo o teor de cada um. Isso é; com graça, fé, dedicação, liberalidade, cuidado e alegria. Para as mulheres digo: não importa o que as pessoas pensam de você ou como encaram seu ministério, cumpra-o conforme as disposições acima. Não temos que prestar contas à homens, mas a Deus. DÉBORA, UM TIPO DA MULHER CRISTÃ Débora constitui um tipo da mulher cristã por duas razões principais: Sua autoridade e ministério. Débora é um dos poucos casos bíblicos de mulher que assume autoridade governamental na história de Israel. Era juíza em Israel (Jz 4.1). A forma de governo adotada no período dos juízes, é, geralmente denominado de teocracia (sistema de governo em que o poder político se encontra fundamentado no poder religioso). Em outras palavras; é o governo exercido por Deus. Portanto, um juiz não era apenas um líder político, mas político/religioso. Isso significa dizer, portanto, que Débora exercia autoridade política e religiosa sobre as tribos de Israel. Mas, o que nos chama atenção em Débora, não é sua autoridade política, mas seu ministério profético e a autoridade com que exerce seu ministério. Débora era profetiza. Talvez, alguns poderiam sugerir, que a nomenclatura “profetiza” signifique apenas “alguém que entoava cantos” no entanto, essa possibilidade é totalmente descartada quando olhamos para o contexto “...Porventura o SENHOR, o Deus de Israel, não deu ordem, dizendo; Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulon? E atrairei a ti para o ribeiro de Quisom a Sísera, capitão do exército de Jabim, com os seus caros e com a sua multidão, e o darei na tua mão” (Jz 4.6,7). No uso de sua autoridade profética, Débora anunciou a palavra de Deus a Baraque, e Deus honrou sua palavra. O uso da autoridade de Deus é proporcional ao ministério divino recebido. Se alguma mulher recebeu o dom divino de “governos, ou presidência” deve usar de autoridade proporcional ao seu ministério. ANA, UM MODELO DE OUSADIA E RENÚNCIA Ana era uma das esposas de Eucana (1 Sm 1.2). Era a mais amada, e a mais privilegiada também, em relação a sua comparsa Penina. No entanto, tinha um vazio no coração que ninguém era capaz de preencher: Não tinha filhos, pois era estéril. Isso além de causar uma solidão no coração de Ana, fazia sentir-se a mais infeliz de todas as mulheres. As críticas de sua comparsa Penina; o conceito social, a solidão, levaram Ana à um estado emocional crítico. Havia perdido o prazer pela vida, atingiu sua alta estima, vivia chorando, quase não comia, estava grandemente amargurada. No auge de seu sofrimento resolveu desabafar diante de Deus toda sua angústia e sofrimento, fez um foto ao Senhor, que se concedesse sua petição de ter um filho, o dedicaria ao serviço do Senhor por todos os dias de sua vida. Deus ouviu seu pedido, e ela concebeu e teve Samuel. A ousadia de Ana consiste em se apresentar diante do Senhor sem se importar com supostas rejeições por parte dos sacerdotes. O acesso das mulheres ao Santuário era restrito. Apenas alguns recintos eram permitidos. Ana, no entanto, desafiou o costume de sua época, entrou na presença do Senhor e desabafou-se diante Dele. Deus ouviu a oração de Ana, e deu-lhe um filho, conforme havia pedido (1 Sm 1.20). O ministério feminino hoje ainda é rejeitado por muitos. As mulheres que tem ministério de Deus, no entanto, devem superar tais preconceitos e com ousadia se apresentarem ao Senhor com um coração espontâneo. A renúncia de Ana consistiu em oferecer ao Senhor o seu melhor, para o benefício do Reino de Deus. Seu maior desejo era ter um filho varão, mas foi fiel e totalmente abnegada quando abriu mão de seu bem maior ou do maior desejo de sua alma em prol do Reino de Deus. Seu exemplo merece ser seguido. Não pode haver um grande ministério se não houver uma grande renúncia pelo Reino de Deus. A DISPOSIÇÃO DE MARIA Pelo menos seis mulheres são chamadas por esse nome no Novo Testamento. Maria mãe de Jesus, Maria, mãe de Tiago e de José, Maria Madalena, Maria mãe de João Marcos, Maria de Betânia e por último, Maria de Roma (Rm 16.6). A Maria a que referimos é a Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro. Os três irmãos estavam entre os amigos mais íntimos de Jesus. A Bíblia descreve três eventos nos quais Maria esteve envolvida. O primeiro encontra-se em Lucas 10.38-42. Maria e Marta receberam Jesus em sua casa e a Bíblia diz que Maria “assentando-se ao pés de Jesus ouvia a sua palavra” (v.39). O segundo evento, foi no incidente da morte de Lázaro, narrado em Jo 11.1-47. Quando Jesus chegou em Betânia havia já quatro dias que Lázaro havia morrido. Antes mesmo de Jesus chegar em Betânia Marta foi ao seu encontro e disse-lhe “Senhor, se tu estivésseis aqui, meu irmão não teria morrido” (v.21). Maria tinha ficado em casa mas Jesus mandou chama-lhe, e ela veio ao seu encontro, e ao se aproximar “...lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe; Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (v. 32). O terceiro incidente foi em um jantar oferecido a Jesus. Naquela ocasião Marta o servia, “então Maria tomou uma libra de um nardo puro, um perfume muito caro, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus próprios cabelos. E toda casa se encheu com a fragrância do perfume” (Jo 12.1-3). Notamos que, nos três incidentes envolvendo Maria, ela se comporta de certa maneira que nos chama a atenção. No primeiro “ela assentou-se ao pés de Jesus e pôs-se a ouvir-lhe”. No segundo “ela lança-se aos pés de Jesus”, e no terceiro “ela ungi os pés de Jesus e os enxuga com os seu próprios cabelos”. Interessante, como os três eventos relacionados a Maria estão relacionados aos pés de Jesus? No entanto, cada gesto de Maria constitui uma lição a ser ensinada. “Assentar-se ao pés” é um gesto que significa prontidão para ouvir e aprender. Este era um gesto comum do discípulo para com seu mestre. Ao fazer este gesto Maria estava reconhecendo Jesus como seu mestre e havia se prontificado como discípula. Na cultura judaica não era permitido às mulheres sentar-se com os homens; muito menos com um rabi ou mestre; isso era considerado imoral. Maria, no entanto, superou as barreiras culturais, assentou-se aos pés de Jesus e pôs-se a ouvi-lhe. Se desejamos ser discípulos de Cristo precisamos primeiramente aprender com ele. O segundo gesto foi “lançar-se lhe aos pés”. Este era o gesto de saudação devido aos Rabinos ou Autoridades importantes. Significava reverência, respeito. Para Maria, no entanto, significava mais que isso, significava “dependência, sujeição”. O terceiro gesto “ungiu os pés de Jesus”, é o mais significativo. O próprio Jesus deu testemunho disso (v.7,8). Significava “comunhão, cuidado, gratidão”. Vale a pena perdermos algo precioso para agradarmos a Cristo. CONCLUSÃO O perfume que Maria usou para ungir os pés de Jesus era caríssimo. Correspondia ao salário de um ano inteiro de trabalho braçal. Mas que bem, é mais precioso que ter nossos pecados perdoados por Deus, e ter a certeza de sua salvação? Nada se compara. O exemplo de Maria deve ser seguido por todas as mulheres que acreditam no chamado de Deus pra suas vidas. A grandeza de um ministério depende de Deus, mas depende também de quem o recebe.

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