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NEEMIAS E A RECONSTRUÇÃO DOS MUROS DE JERUSALÉM


INTRODUÇÃO


A história do livro de Neemias se desenvolve em um contexto crítico da nação de Israel. Eles já haviam retornado do cativeiro na Babilônia, contudo, ainda não haviam se estruturado como nação. Eles se encontravam em um grande caos, tanto nos aspectos estruturais (a cidade de Jerusalém ou a província de Judá em si), como também em termos políticos, sociais e espirituais.

O relatório trazido por Hanani, um dos irmãos de Neemias descreve um pouco do quadro caótico que se encontrava a nação de Israel: “...Os restantes, que ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo; e o muro de Jerusalém fendido e as suas portas queimadas a fogo” (Neemias 1:3). Isso indica claramente que a nação de Israel estava completamente defasada. As pessoas viviam em estrema pobreza, sob ataques constantes dos seus inimigos em redor, viviam inclusive sob opressão do seu próprio povo, isso é, dos próprios irmãos de carne, que aproveitando a vulnerabilidade dos mais fracos se assenhorava deles, subjugando-os (cap 5).

No entanto, Neemias, (apesar de ser um dos filhos do cativeiro, isso é, que havia nascido e crescido em Susã e que não conhecia a cidade de Deus, ou a cidade dos seus antepassados) possuía profunda empatia pelo seu povo, e a condição da nação de Israel o incomodava.

Podemos deduzir pelo contexto que Neemias não passou a se preocupar com o seu povo por causa do relatório trazido por Hanani, mas que a condição do seu povo já era um assunto que sempre o consumia, e que essa preocupação para com o seu povo o instigou a interrogar ou a pedir a Hanani um relatório de como estava ou se encontrava o povo de Deus em Judá e em Jerusalém.

 

NEEMIAS ENTENDE SUA MISSÃO QUANDO ESTAVA EM ORAÇÃO DIANTE DO SENHOR.


Ao ouvir o relatório de Hanani, Neemias foi tocado profundamente, e pôs se a buscar ao Senhor: “E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus” (Neemias 1:4). A oração de Neemias em prol de seu povo é composta por 4 fases determinantes:

a. Ele inicia sua oração pedindo que o Senhor intervenha em prol de seu povo: “Estejam, pois, atentos os teus ouvidos e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos...” (Neemias 1:6).

b. Neemias faz confissão pelo povo de Israel: “...e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; também eu e a casa de meu pai temos pecado. De todo nos corrompemos contra ti, e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a Moisés, teu servo” (Neemias 1:6,7).

c. Ele faz menção das promessas de Deus e das suas misericórdias para com o seu povo: “Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a Moisés, teu servo, dizendo: Vós transgredireis, e eu vos espalharei entre os povos. E vós vos convertereis a mim, e guardareis os meus mandamentos, e os cumprireis; então, ainda que os vossos rejeitados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei ao lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome. Eles são teus servos e o teu povo que resgataste com a tua grande força e com a tua forte mão.

d. E por último ele pede que Deus lhe conceda graça aos olhos de seu Senhor, o rei Artaxerxes: “Ah! Senhor, estejam, pois, atentos os teus ouvidos à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que desejam temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem. Então era eu copeiro do rei” (Neemias 1:11).

Enquanto buscava ao Senhor “jejuando e orando e confessando ao Senhor os pecados de seu povo”, Neemias entendeu o plano de Deus em sua vida. Naquele momento, Neemias entende que Deus o estava incumbindo de uma grande missão “resgar a dignidade, o patriotismo, e a identidade de seu povo” iniciando pelo restauração dos muros de Jerusalém.

Ele foi convencido de que algo deveria ser feito em prol de seu povo, e que ele mesmo deveria estar pronto para fazer alguma coisa. Ele pôde entender que aquela seria uma decisão comprometedora, que poderia comprometer sua vida para sempre, como também a sorte de seu povo, por isso ele ora para que Deus o fizesse prosperar perante o seu Senhor (Neemias 1.11).

 

NEEMIAS PERANTE O REI ARTAXERXES


Neemias sabia que deveria falar ao rei, contudo, não havia decido quando isso de fato seria realizado. Ele aguardava um momento oportuno.

Deus oportunizou um momento ideal. Neemias estava triste e abatido por causa da condição de seu povo, seu semblante estava decaído, ele afirma: “...estava posto vinho diante dele, e eu peguei o vinho e o dei ao rei; porém eu nunca estivera triste diante dele”. Neemias não esperava que aquele fosse o momento ideal, mas para Deus aquele seria o momento oportuno.

O rei percebendo o semblante abatido de Neemias o interroga: “Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração” (Neemias 2:2). Naquele momento Neemias temeu sobremaneira, não simplesmente pelo fato de estar sendo interrogado pelo rei, ou por medo de ser punido por sua atitude antiética de se apresentar triste perante o rei, mas porque ele tinha diante de si a maior oportunidade de sua vida, que decidiria para sempre o seu destino e o destino da nação de Judá.

Assim, ele responde decisivamente: “Viva o rei para sempre! Como não estaria triste o meu rosto, estando a cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas portas a fogo?” (Neemias 2:3). Suas palavras foram penetrantes, e o rei entendeu as intenções de Neemias e retrucou: “Que me pedes agora?” (Neemias 2:4). Essa segunda parte determinaria o seu sucesso e fracasso diante de sua missão. Ele já havia sido aceito perante o seu senhor, e agora o seu senhor pede que ele expresse em palavras a sua petição. Seria uma oportunidade única, se fosse desperdiçada, certamente ele não teria outra igual.

Então, Neemias, ora mais uma vez ao Senhor para que Deus o guie em suas palavras naquele momento, e ele então expõe o seu pedido diante do rei:

“E disse ao rei: Se é do agrado do rei, e se o teu servo é aceito em tua presença, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique. Então o rei me disse, estando a rainha assentada junto a ele: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me, apontando-lhe eu um certo tempo. Disse mais ao rei: Se ao rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do rio, para que me permitam passar até que chegue a Judá. Como também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, para que me dê madeira para cobrir as portas do paço da casa, para o muro da cidade e para a casa em que eu houver de entrar. E o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim” (Neemias 2:5-8).

Neemias, resume reafirmando que tudo o que ele propõe diante do rei era fruto direto da intervenção de Deus sobre a sua vida: “E o rei, mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim” (2.8).

Quando ele estava prostrado perante o rei, ele não reverenciava simplesmente o seu senhor humano, sua reverência maior era para com o Rei dos Céus. Diante do Reis dos Céus ele ora para que o seu pedido fosse suficiente e que todos os seus requerimentos fossem aceitos perante o seu senhor: “Então orei ao Deus dos céus” (2:4).

Deus esforçou a mão de Neemias, levando a bom cabo a sua missão, e ele achou graças perante o rei, e todos as suas solicitações foram plenamente atendidas.

 

NEEMIAS EM JERUSALÉM


Após ser autorizado pelo rei Artaxerxes, Neemias prontamente dá início a sua missão de ir até Jerusalém. Seu intento de buscar o bem de Jerusalém não agradou a todos, principalmente os inimigos antigos do povo de Israel. Os inimigos do povo de Deus ficaram profundamente entristecido que alguém estivesse interessado no bem daquele povo (2.9,10).

Essa é uma verdade que os servos de Deus precisam estar sempre cientes. Nem todos buscam a prosperidade e o bem do seu povo. Nem todos compactuam ou se identificam das ideias do Reino, portanto, o trabalho do Reino será sempre um trabalho que encontrará diversos opositores, que farão de tudo para frustrar os planos de Deus.

Neemias, tinha um plano traçado para sua missão, no entanto, não havia revelado os detalhes de seu plano a ninguém “...e não declarei a ninguém o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém” (Neemias 2:12). “E não souberam os magistrados aonde eu fora nem o que eu fazia; porque ainda nem aos judeus, nem aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos mais que faziam a obra, até então tinha declarado coisa alguma” (Neemias 2:16).

Isso indica que Neemias era um homem discreto, e essa discrição era necessária naquele momento. Ele não queria ser precipitado, não queria correr o risco de comprometer a missão em nenhum aspecto, antecipando informações infundadas ou incompletas, sem ter um conhecimento mais concreto da realidade da cidade.

Aprendemos com Neemias que, nem todo plano ou projeto precisa ser compartilhado imediatamente. Neemias não conhecia Jerusalém pessoalmente. As informações que ele dispunha, tinha vindo dos relatórios que os seus irmãos os haviam participado.

Antes de dar conhecimento de sua missão, ele precisava conhecer a realidade da cidade de Jerusalém com mais propriedade, e assim dispor de informações mais concretas para montar um plano de ação eficiente.

Somente depois de conhecer a realidade da cidade e montar um plano de ação, é que estaria disposto a revelar os seus planos, e suas diretrizes para realizá-lo.

Chegando em Jerusalém, passou ali três dias, e nesses três dias Neemias fez um estudo de campo detalhado, um levantamento de toda cidade, mapeando capa parte ou os locais mais afetados. Somente depois de três dias de inspeção é que Neemias decide realmente revelar o seu plano: “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada, e que as suas portas têm sido queimadas a fogo; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém, e não sejamos mais um opróbrio” (Neemias 2:17).

E como uma estratégia de animar aquele povo que vivia praticamente sem qualquer esperança, Neemias conta os detalhes de sua missão, “como a mão do meu Deus me fora favorável, como também as palavras do rei, que ele me tinha dito” (Neemias 2:18). E o povo prontamente respondem: “Levantemo-nos, e edifiquemos. E esforçaram as suas mãos para o bem” (Neemias 2:18).

Motivar pessoas é o principal desafio de um líder cristão, ainda mais atualmente onde as pessoas vivem desmotivadas, frustradas, decepcionadas com as lideranças espirituais por causa de muitos exemplos de lideranças descomprometidas com o Reino de Deus.

Os próprios líderes do povo de Israel os haviam explorado, feito eles escravos. Viviam uma vida de regalias, enquanto o povo vivia uma condição de total miséria (cap 5).

Hoje, vivemos uma realidade semelhante, contudo, mesmo vivendo uma realidade um tanto parecida, ainda é possível motivar pessoas a trabalhar pelas reais causas do Reino de Deus. E, uma forma de fazermos isso é “declarando as maravilhas e os milagres que Deus tem feito por nós e através de nós”. Uma outra forma é fazendo distinção entre o puro e o profano.

Neemias declarou abertamente diante de seus inimigos que o queriam intimidar: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar: e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos; mas vós não tendes parte, nem justiça, nem memória em Jerusalém”. (Neemias 2:20).

Ninguém seguirá um líder que não sabe para onde vai, contudo, muitos vão seguir um líder cuja causa está bem definida, e cuja metas estão límpidas.

 

A RECONSTRUÇÃO DOS MUROS


A reconstrução dos muros se deu em meio a um clima de ameaças, escassez de recursos humanos e materiais, contudo, a força e a união do povo garantiram o sucesso daquela empreitada.

As tarefas foram distribuídas entre os principais da cidade e entre os líderes das cidades vizinhas (Neemias 3.1-33). Essa estratégia de Neemias seria oportuna para que todos pudessem contribuir, evitando também o desgaste de uma única frente de trabalho.

Ao propor um trabalho formado por equipes diversas, Neemias valorizou todos os grupos, e deu a todos a oportunidade de demostrar o seu valor, bem como de deixar o seu legado. Aprendemos com Neemias nesse particular que o líder sempre deve mirar todos os seus liderados, envolvendo o máximo de pessoas possível nos projetos. Dividir equipes maiores em equipes menores, também é uma estratégia que funciona em liderança cristã. É dessa estratégia de trabalho que surge a ideia de criar departamentos e subdepartamentos na igreja. Contudo, um ponto que precisa ficar claro é que as equipes precisam manter sinergia em si, pois departamentos que trabalham de forma independentes não vão contribuir para os objetivos gerais do grupo.

A reconstrução dos muros de Jerusalém seria uma empreitada de teor urgente. E para isso deveriam tomar medidas que contribuíssem para acelerar o processo. Dessa forma um trabalho formado por diversas equipes trabalhando simultaneamente seria a opção ideal.

O muro foi levantado de forma unanime e acelerada, por isso os inimigos se enfureceram, pois, a obra avançava a cada dia. O crescimento era executado de forma vertical, isso é, partindo das bases para cima, e não de forma linear ou horizontal, isso é, uma parte por vez. Os inimigos se enfureceram e arquitetaram diversas intervenções quando “...todo o muro se fechou até sua metade” (Neemias 4:6). Contudo, Deus livrou Neemias e todo o povo dos seus inimigos, e seus planos não foram assim frustrados.

OS ATAQUES DOS INIMIGOS

Os ataques dos inimigos contra os planos de Neemias e de todo o povo foram diversos, no entanto, graças a sua prudência e a perspicácia de seu líder “Neemias” todas elas foram frustradas:

1. Intimidação verbal

A primeira estratégia dos inimigos foi tentar desmerecer, desqualificar, inferiorizar o que estava sendo feito:

“E sucedeu que, ouvindo Sambalate que edificávamos o muro, ardeu em ira, e se indignou muito; e escarneceu dos judeus. E falou na presença de seus irmãos, e do exército de Samaria, e disse: Que fazem estes fracos judeus? Permitir-se-lhes-á isto? Sacrificarão? Acabá-lo-ão num só dia? Vivificarão dos montões do pó as pedras que foram queimadas? E estava com ele Tobias, o amonita, e disse: Ainda que edifiquem, contudo, vindo uma raposa, derrubará facilmente o seu muro de pedra.” (Neemias 4:1-3).

A obra de Deus no presente tem também inimigos assim, que tentam diminuir, desqualificar o trabalho de Deus, contudo, se está sendo feito para Deus, devemos ser perseverantes. Não importa a opinião dos contrários ou as estratégias que usem em seu ataque verbal ou outras ações.

2. Intimidação física, violência

A segunda estratégia dos inimigos foi a intimidação física mediante o emprego de violência contra os servos de Deus. Contudo, antevendo este acontecimento, Neemias institui uma guarda contra eles, e de dia e de noite estavam ali postos com suas armas nas mãos. Contudo, essa estratégia custou uma redução na mão de obra, e assim o povo começou a desmotivar: “Já desfaleceram as forças dos carregadores, e o pó é muito, e nós não poderemos edificar o muro” (Neemias 4:10).

3. Ataques internos (falsos judeus)

Devido a necessidade de reforçar a segurança contra os inimigos, foi necessário reduzir a mão de obra trabalhadora, e essa redução teve impacto direto na produtividade.

A desmotivação e desgaste do povo seria a oportunidade ideal para os inimigos, contudo, mesmo diante de promessas de ataques iminentes (notícias que eram trazidas pelos próprios falsos judeus infiltrados), Neemias esforçou a sua mão contra os seus inimigos alternando sua estratégia de defesa:

“Então pus guardas nos lugares baixos por detrás do muro e nos altos; e pus ao povo pelas suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos. E olhei, e levantei-me, e disse aos nobres, aos magistrados, e ao restante do povo: Não os temais; lembrai-vos do grande e terrível Senhor, e pelejai pelos vossos irmãos, vossos filhos, vossas mulheres e vossas casas. E sucedeu que, ouvindo os nossos inimigos que já o sabíamos, e que Deus tinha dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um à sua obra” (Neemias 4:13-15).

Quem decide lançar mão de um empreendimento no contexto do Reino de Deus deve ter ciência que não existe inimigos somente lá fora. Eles também podem estar dentro, e podem causar um estrago ainda maior do que aqueles que estão lá fora, pois conhecem os pontos vulneráveis da equipe.

Contudo, quando temos convicção dos nossos objetivos, não há forças que consigam nos parar, sejam elas externas ou internas.

No entanto devemos estar cientes que, cada estratégia montada ou desafio lançado imporá o seu próprio preço, que deverão ser sustentados até o fim. Depois das ameaças de uma guerra iminente por parte dos inimigos, Neemias teve que reavaliar toda a sua estratégia de trabalho, fazendo mudanças drásticas no escopo da organização e da frente de trabalho:

E sucedeu que, desde aquele dia, metade dos meus servos trabalhava na obra, e metade deles tinha as lanças, os escudos, os arcos e as couraças; e os líderes estavam por detrás de toda a casa de Judá. Os que edificavam o muro, os que traziam as cargas e os que carregavam, cada um com uma das mãos fazia a obra e na outra tinha as armas. E os edificadores cada um trazia a sua espada cingida aos lombos, e edificavam; e o que tocava a trombeta estava junto comigo. E disse eu aos nobres, aos magistrados e ao restante do povo: Grande e extensa é a obra, e nós estamos apartados do muro, longe uns dos outros. No lugar onde ouvirdes o som da buzina, ali vos ajuntareis conosco; o nosso Deus pelejará por nós. Assim trabalhávamos na obra; e metade deles tinha as lanças desde a subida da alva até ao sair das estrelas. Também naquele tempo disse ao povo: Cada um com o seu servo fique em Jerusalém, para que à noite nos sirvam de guarda, e de dia na obra. E nem eu, nem meus irmãos, nem meus servos, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um tinha suas armas e água (Neemias 4:16-23).

4. Sutileza contra Neemias.

Os inimigos do povo de Deus não cansaram de se opor contra o trabalho de Deus. Depois de verem frustradas suas tentativas anteriores, eles intentam agora contra a vida do próprio Neemias: “Sambalate e Gesém mandaram dizer-me: Vem, e congreguemo-nos juntamente nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal” (Neemias 6:2).

Essa é uma estratégia muito usada pelo arqui-inimigo do povo de Deus, “se não dá para vencer uma equipe unida, atinge-se o seu líder”, pois sem uma liderança eficiente o grupo se autodestrói. Vemos isso com frequência atualmente, quando o inimigo não consegue vencer uma igreja unida ele procurará sem dúvida atingir o seu líder. Portanto, as lideranças cristãs precisam ser prudentes para identificar os laços do inimigo e fugir deles.

Neemias, percebeu de imediato a sutileza do seu inimigo e mandou-lhe uma resposta à altura: “Faço uma grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse, e fosse ter convosco?” (Neemias 6:3).

Mesmo o inimigo persistindo em seus ataques, Neemias não cedeu um minuto sequer: “E do mesmo modo enviaram a mim quatro vezes; e da mesma forma lhes respondi” (Neemias 6:4). Líderes cristãos precisam ser resilientes diante das oposições do diabo contra o trabalho do Senhor.

A mentira é a principal arma do diabo contra o povo de Deus, no entanto, quando se tem convicção do chamado de Deus, nem mesmo a mentira pode prevalecer.

Mesmo diante da chantagem ou de intimidação (8,9), Neemias não cedeu, pois conheceu que a intenção de seu inimigo era intentar contra a sua integridade física. Sua resposta sem foi firme e determinante, não deixando nenhuma brecha para o seu inimigo: “Porém eu mandei dizer-lhe: De tudo o que dizes coisa nenhuma sucedeu; mas tu, do teu coração, o inventas” (Neemias 6:8).

5. Instigação ao sacrilégio

O último ataque dos inimigos de Neemias contra ele foi o pior e o mais grave de todos. Subornaram um dos profetas de Judá para falar a Neemias no intuito de convencer-lhe a entrar no templo de Deus e assim poder culpá-lo por sacrilégio, visto que somente os sacerdotes de Deus poderiam entrar no templo do Senhor.

Neemias, no entanto, mais uma vez lhes responde a altura:

“Porém eu disse: Um homem como eu fugiria? E quem há, como eu, que entre no templo para que viva? De maneira nenhuma entrarei. E percebi que não era Deus quem o enviara; mas esta profecia falou contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o subornaram. Para isto o subornaram, para me atemorizar, e para que assim fizesse, e pecasse, para que tivessem alguma causa para me infamarem, e assim me vituperarem” (Neemias 6:11-13).

Por sua resiliência e determinação, Neemias conseguiu concluir a reconstrução dos muros de Jerusalém 52 dias após o seu início. Um feito tão grande que forçou até mesmo os seus inimigos a reconhecerem que aquela obra tinha sido feita pelo próprio Deus: “E sucedeu que, ouvindo-o todos os nossos inimigos, todos os povos que havia em redor de nós temeram, e abateram-se muito a seus próprios olhos; porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra” (Neemias 6:16).

Toda obra realizada no contexto do Reino de Deus tem como propósito a exaltação do próprio Deus. Neemias, o líder do povo de Judá, reconhecia a boa mão de Deus sobre aquele empreendimento, e sempre buscou em Deus uma direção diante de todas aquelas adversidades. Ele orava constantemente diante do Senhor, pedindo pelo socorro de Deus.

 

CONCLUSÃO


Diante de tudo o que foi aqui apresentado, concluímos que a missão de liderar o povo de Deus nunca é uma missão fácil. Há desafios para serem superados; há inimigos que se opõe contra o trabalho de Deus. Contudo, mesmo diante das adversidades, o líder deve confiar naquele que o incumbiu, buscando sempre nele os recursos necessários para enfrentar toda oposição e continuar firme no propósito do Senhor.


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