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ANDEIS EM ESPÍRITO

Atualizado: 11 de jul. de 2021

TEXTO BÍBLICO: (GL 5.16)


INTRODUÇÃO

O Espírito Santo exerce um papel fundamental na vida do crente. Conforme nos informa Paulo em 1 Coríntios, o Espírito Santo não somente está próximo do crente, como também habita nele (1 Co 3.16,17; 6.19; 2 Tm 1.14). Contudo, mesmo tendo o privilégio de ser habitado pelo Espírito de Deus, o crente é exortado a Andar no Espírito (Gl 5.16).

Mas, o que realmente significa “Andar no Espírito”? Quais as implicações desta expressão? Na verdade, não temos uma definição bíblica objetiva do que realmente significa o “andar no Espírito”, contudo, o contexto imediato e o contexto geral das Escrituras oferecem-nos alguns subsídios que podem ser relevantes para estabelecermos uma definição mais coerente.

O Espírito Santo é apresentado em Gálatas como uma pessoa e, portanto, dotada de vontade própria. Desta forma se estabelece uma antítese entre a vontade do Espírito e a vontade da Carne.

Todo o capítulo 5 de Gálatas discorre sobre esta oposição ou contradição existente entre o Espírito de Deus que é Santo e a natureza humana caída, que é impura e totalmente hostil ao Deus dos crentes que é Santo.


A NATUREZA HUMANA CAÍDA

A carne, “entendida como a natureza humana caída”, sempre cobiça (deseja) aquilo que é contrário a vontade do Espírito. Desta forma, uma guerra constante é travada no interior do crente entre a carne “natureza humana caída” e o Espírito Santo, que representa a vontade perfeita de Deus em nós e através de nós (Gl 5.17).

A natureza humana caída é inerente ao homem, enquanto o Espírito Santo é uma dádiva que nos é outorgada mediante o Novo Nascimento (Jo 3.3,5). O Espírito Santo é o agente responsável por construir a nova natureza de Deus em nós. Ele próprio prepara a casa para sua morada, no entanto, este processo não é realizado de forma automática e instantânea, mas mediante uma ação conjunta entre o Espírito Santo e o crente (Fl 2.12).

Paulo descreve diversos elementos que são típicos da velha natureza humana e são descritos como obras da carne (Gl 5.19). Paulo relaciona 16 obras da carne, contudo deixa subentendido que esta lista não pretende ser completa, pois acrescenta “e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21b). Da mesma forma o Espírito traz consigo o seu fruto, e este fruto é formado por 9 elementos. Estes elementos refletem de uma forma prática, as características típicas do homem novamente nascido.

O fruto do Espírito reflete a natureza perfeita do homem Jesus, que é implementada ou transferida para o crente através de um processo de edificação espiritual progressiva e conjunta, o crente e o Espírito Santo.


ANDAR NO ESPÍRITO

Para entender a expressão “andar no Espírito”, devemos considerar primeiramente que ela deve ser entendida de forma figurada. Desta forma o verbo “andar” deve ser entendido como uma referência a um certo estado ou condição espiritual alcançadas diante do Senhor mediante a operação do Espírito Santo. Andar no Espírito é viver sob um fluxo contínuo que envolve aspectos psicoafetivos e espirituais, em outras palavras é viver sob o máximo de influência do Espírito de Deus.

Um estado espiritual não pode ser medido em termos espaciais e geográficos, mas pode ser influenciada por estes fatores. Portanto, para entendermos esta expressão precisamos nos valer de três palavrinhas do vocabulário português: “domínio”, “influência” e “estímulo”. Não sabemos ao certo como acontece o fluxo que envolve pensamentos, emoções, vontades, mas isso é determinante para se entender o conceito de “andar no Espírito”.

O ser humano é um ser psicoafetivo. Isso significa afirmar que psique “mente” e afeto “emoções, sentimentos” tem uma estreita relação. Nossas ações e comportamentos são determinados por fatores psicoafetivos.

Quando a psicologia traz uma definição de um ser “afetivo” está afirmando de forma resumida que este ser (no caso o homem), pode ser afetado pelas circunstâncias e ocasiões que o cercam.

As circunstâncias que nos cercam determinam os estados afetivos “sentimentos e emoções” que vamos assumir em determinadas fazes do dia. Estes sentimentos e emoções “amor, ódio, alegria, tristeza, ira, vergonha” etc. brotam influenciadas por fatores externos e internos e nos levam a assumir comportamentos diversificados.


O CONTROLE DO ESPÍRITO

A todo tempo estamos respondendo aos estímulos recebidos, externos e internamente. As nossas atitudes e ações são sempre consequências ou reflexos de nossos estados psicoafetivos. Os diversos estados afetivos e psíquicos que manifestamos são sempre resultados da interpretação que fazemos dos estímulos que recebemos por meio dos sentidos do corpo.

Quando o Espírito Santo assume controle da vida de alguém Ele o dirige e o instigue a assumir sempre estados psíquicos positivos, e desta forma influenciar drasticamente nos resultados (ações e atitudes) que consequentemente serão sempre positivos.

Afirmar que o Espírito Santo assume o controle da vida de alguém não significa afirmar que nossas faculdades metais e intelectuais são totalmente neutralizadas, e que somente a vontade do Espírito imperará, mas que o Espírito Santo passa a exercer forte influência sobre elas, seja em uma condição ativa ou passiva. Desta forma, o andar no Espírito é formado por quatro fazes principais, e em todas elas o Espírito Santo assumirá um papel vital: interpretação dos estímulos; formação dos estados psicoafetivos, formação dos estados espirituais; e definição dos resultados “ações e atitudes”.

Somos estimulados através dos sentidos do nosso corpo “olfato, paladar, visão, audição e tato”. Quando andamos no Espírito, o Espírito Santo assume certo controle sobre os nossos sentimos (ele habita no crente) e desta forma somos estimulados a assumirmos estados emocionais e psicológicos que favoreçam aos seus anelos ou desejos.

Os estados psicológicos e emocionais que assumidos através dos estímulos externos e internos podem ter grande influência sobre nosso estado espiritual. Desta forma um determinado estado espiritual é sempre consequência dos estados emocionais e psicológicos que assumimos durante as diversas fazes do dia. Andar no Espírito é sempre assumir um estado espiritual compatível com os impulsos ou a vontade do Espírito Santo.


DOMÍNIO DO ESPÍRITO

Apesar de o Espírito Santo nunca assumir controle total da vida do crente como no caso de possessão maligna, o Espírito Santo pode assumir certo controle sobre nossas faculdades mentais e intelectuais ao ponto de nos dirigir ou nos mover sempre no caminho que agrada ao Senhor. Andar no Espírito, portanto é deixar-se dirigir ou guiar-se pelo Espírito de Deus.

O “andar” nunca deve ser entendido como movimentar-se ou locomover-se geograficamente, mas obedecer a um fluxo psicoafetivo e espiritual sob influência do Espírito. Quanto maior o controle ou o domínio do Espírito Sobre nós, maior será as chances de “andarmos nos Espírito”.


INFLUÊNCIA DO ESPÍRITO

A todo o tempo estamos sendo influenciados, seja por forças externas ou internas. De modo que estamos sempre sofrendo transformações, e isso é quase que inevitável. O que devemos saber sobre essas mudanças é que nem sempre elas são positivas.

Como já enfatizamos, o Espírito Santo nunca subjuga totalmente o homem como no caso da possessão maligna. Contudo, o Espírito Santo assume certa influência sobre nós. Esta influência pode ter graus diversificados dependendo da entrega individual de cada crente.

A influência do Espírito deve ser entendida na forma como os estímulos são interpretados através dos sentidos do corpo ou os estímulos recebidos internamente. O Espírito Santo assume certa influência no momento que o crente traduz ou interpreta os estímulos externos. Desta forma nossos membros são feitos instrumentos de justiça e nunca de impiedade (Rm 6.13).

De uma forma geral, os estímulos externos são sempre interpretados com base em uma lei pré-estabelecida à natureza humana caída. Isso significa afirmar que a interpretação dos estímulos é sempre realizada com base nos símbolos e signos próprios da natureza humana, no caso, a natureza humana caída.

Para a natureza humana caída o padrão para interpretar os estímulos externos são sempre os mesmos, desta forma os resultados também serão, isso é, as obras da carne (Gl 5.21). Quando ocorre o Novo Nascimento e o crente passa a ser morada do Espírito Santo, um processo de reformulação destes símbolos e signos imprimidos na natureza humana é iniciado, e quando isso ocorre o homem passa a interpretar os estímulos recebidos não sob a força da natureza humana caída, mas sob a força da lei do Espirito de vida implementados em nós por Cristo.


RENOVAÇÃO DA MENTE

A renovação da mente é o processo realizado pelo Espírito Santo no interior do crente que o habilita a cumprir a vontade de Deus (Rm 12.2).

A renovação da mente significa ajustar as faculdades mentais e intelectuais as leis da nova criação em Cristo. Sem esta renovação interior não temos a possibilidade de experimentar a vontade de Deus que é boa, agradável e perfeita.

Jesus afirma: “Porque do coração é que procedem os maus intentos, homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos, calúnias, blasfêmias” (Rm 15.19). O coração neste contexto é uma referência as faculdades mentais do crente, que passam por um processo total de renovação.

A transformação do Espírito Santo realizado no interior do crente abrange diversos aspectos:

1. O Espírito Santo ilumina a mente (Hb 6.4)

2. O Espírito Santo ilumina e renova o entendimento (Rm 12.2; 1 Pd 1.13)

3. O Espírito Santo derrama em nossos corações os sentimentos e emoções nobres (Rm 5.5).

No entanto, este processo sempre possuiu uma correspondência humana, isso é, o crente sempre deve cooperar para que a obra do Espírito Santo seja completa em sua vida. As Escrituras recomendam:


“Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria” (Colossenses 3:1-5).


Nessa referência supracitada e nos versículos que se seguem, encontramos diversos imperativos. Um imperativo é um verbo que indica uma determinada ordem: “buscai”, “pensai”, “mortificai”, a ação de buscar, pensar e mortificar deve partir do crente e não somente do Espírito Santo.

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