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Foto do escritorMarciel A. Delfino

O BOM OBREIRO DA CASA DE DEUS

Atualizado: 17 de ago. de 2023

Introdução

A perfeição, no sentido pleno da palavra é um atributo exclusivo da divindade. Deus é perfeito por natureza, e todos os seus caminhos são perfeitos (2 Sm 22.31). O ser humano é imperfeito por natureza, seus caminhos são imperfeitos. No entanto, na Bíblia, encontramos recomendações para sermos perfeitos. Contudo, esta perfeição não deve ser entendida no sentido de ser perfeito como Deus o é, mas ser perfeito conforme os padrões que Ele intituiu.

Não podemos ser perfeitos na mesma medida de Deus, mas podemos ser perfeitos dentro dos padrões instituídos por Ele (Tg 3.2; Hb 9.11; Cl 4.12; 2 Tm 3.17; Fl 3.12,15; Ef 4.13; 2 Co 13.11; 1 Co 2.6; Mt 19.21; Mt 5.48; Is 38.3). Quando nos enquadramos nos padrões de Deus, somos chamados perfeitos, retos, irrepreensíveis, completos, etc. Em se tratando de obreiros, a Bíblia fala do “bom ministro” (1 Tm 4.6), do “obreiro aprovado” (2 Tm 2.15), do “bom despenseiro” (1 Pe 4.10), do “despenseiro fiel” (1 Co 4.2); do “bom soldado” (2 Tm 2.3), do “bom e fiel servo” (Mt 25.21). O adjetivo “bom, aprovado, fiel”, qualifica os agentes acima. A qualidade de “bom, aprovado, fiel” indica a excelência, eficiência e eficácia cristã e ministerial.

As diversas designações dos obreiros de Cristo, reflete o caráter da sua missão na obra. Essa missão é sempre refletida em forma de trabalho, serviço, labor e não de posição de exaltação ou superioridade.

  • Obreiro – São os trabalhadores de uma obra. Os obreiros de Deus trabalham na obra de Deus na terra, a Igreja e o Reino de Deus. Cada obreiro exerce funções distribuídas conforme a soberana vontade de Cristo Jesus, o dono da obra.

  • Ministro – Literalmente significa remador. Um subordinado a serviço de um superior.

  • Despenseiro – Encarregado da despensa. Somos despenseiros dos mistérios de Deus (1 Pe 4.10).

  • Soldado – O agente principal da guerra. Somos comparados a um soldado no campo de batalha (2 Tm 2.3).

  • Embaixador – Mensageiro da paz, representante de Deus na terra (2 Co 5.20).

  • Servo – Que ou aquele que, privado da liberdade, está submetido à vontade de um senhor, a quem pertence como propriedade. Nós pertencemos a Cristo como propriedade peculiar (Mt 25.21).

Todas estas designações, refletem o caráter do obreiro como servo de Cristo. Esta é a mais sublime designação de um homem pecador. O obreiro aprovado reúne em si uma diversidade de qualidades e características positivas. Estas características juntas nos levarão há um estado perfeito de excelência, eficiência e eficácia cristã ou ministerial. A “excelência” fala do hábito de fazer o que deve ser feito. A “eficiência”, fala de fazermos algo com rapidez; e “eficácia” fala de resultados, maior ou melhor qualidade. Este estado de perfeição ministerial é o resultado do conhecimento e aplicação de alguns fatores imprescindíveis a vida do Obreiro. Veja a lista abaixo.

  1. CONVICÇÃO DE UM CHAMADO MINISTERIAL. Um chamado ministerial fala de uma chamada específica no Reino de Deus. Ter convicção desta chamada é imprescindível para que alcancemos a excelência ministerial.

  2. CONHECER O MINISTÉRIO RECEBIDO DE DEUS. Ter convicção de ser chamado é fundamental, mas é necessário também que conheçamos qual ministério recebemos de Deus. Sem este conhecimento não temos um alvo definido (2 Pd 4.10), ou um ponto de partida.

  3. CONHECER AS COMPETÊNCIAS DO MINISTÉRIO RECEBIDO DE DEUS. O que é minha responsabilidade como obreiro este, ou aquele? Este conhecimento pode ser tanto espiritual, prático e técnico.

Vamos elaborar uma lista dos principais ministérios cristãos encontrados no Novo Testamento. Apóstolo (Ef 4.11). Significa “enviado”. Os apóstolos são os herdeiros espirituais dos profetas do A.T. Assim como os profetas do A.T. receberam a missão de produzir as Escrituras veterotestamentárias, os apóstolos receberam a responsabilidade de Cristo de produzir as Escrituras neotestamentárias. Alguns acreditam que, devido ao fato de as Escrituras do Novo Testamento, terem sido seladas, o ministério apostólico não existe mais, no sentido real do termo. Quando Judas morreu, para que o colégio apostólico não ficasse incompleto, houve uma necessidade de que alguém ocupasse o seu posto. Os requisitos para concorrer a vaga deveriam ser as seguintes:

  • Deveria ser alguém que conviveu com Cristo desde o batismo de João até o momento de sua ascensão (At 1.21,22).

  • Deveria ser uma testemunha ocular da ressurreição de Cristo (At 1.22).

Os que se auto intitulam apóstolos hoje, não passam nesse crivo.

Profetas (Ef 4.11). Significa “porta voz”, o que fala em lugar de outrem. O profeta mencionado em Efésios 4.11, não era simplesmente alguém que possuía um dom de profecia (1 Co 12.10); ou alguém que prevê o futuro. Mas um dom ministerial. Alguém responsável por transmitir a Palavra de Deus fielmente, com base na revelação de Cristo e dos apóstolos. Eram portadores de uma palavra de exortação, consolação e edificação para Igreja de Cristo. Judas e Silas, e possivelmente Barnabé, eram profetas nesse sentido (At 13.1; 15.32).

Evangelista (Ef 4.11). Era o ganhador de almas por excelência. É o equivalente ao missionário de hoje. Aquele que levava a mensagem do evangelho aos povos, e abria novas Igrejas. Filipe, um dos sete diáconos, havia se tornado um evangelista (At 21.8). Pastor (Ef 4.11). O pastor era o presidente da Igreja local, o líder espiritual do rebanho de Deus. O ministério pastoral era designado também por outros títulos, ou seja: o “Bispo” e o “ presbítero” ou ancião. Os “bispos” são exortados a apascentar o rebanho de Deus (At 20.28). Igualmente os presbíteros o são (1 Pd 5.1,2). Paulo escrevendo a Tito inicia falando das qualificações morais dos presbíteros e abruptamente os designa de bispos no mesmo contexto. Portanto, o ministério pastoral, era designado por três nomes distintos: pastor, bispo e presbítero (ou ancião). Para um obreiro receber a ordenação ao santo ministério deve passar no crivo da palavra de Deus. As qualificações morais e espirituais do aspirante ao pastorado estão relacionadas em três principais passagens do Novo Testamento. (1 Tm 3.1-7; Tt 1.5-9; 1 Pd 5.1-4). Mestre (Ef 4.11). Os mestres eram os rabinos do Novo Testamento (At 13.1). Eram os peritos das Escrituras. Enquanto os Apóstolos receberam a missão de produzir as Escrituras do Novo Testamento, os doutores tinham a missão de interpretar as Escrituras e ensinos dos apóstolos e aplicar a vida da Igreja. Na igreja de Antioquia havia alguns doutores (At 13.1). Alguns vinculam o ministério de mestre ao pastorado, pois o pastor, por ser o líder espiritual da Igreja, deve conhecer profundamente os mistérios de Deus. A palavra “mestre” ou “doutor” aparece também em alguns contextos bíblicos com o sentido de líder (Tg 3.1). Estes dons ministeriais, não tinham limites de atuação. Eram exercidos na igreja em termos gerais, não numa localidade específica, com exceção do ministério pastoral. O diácono (At 6.1-7). O termo diácono é uma transliteração do grego “diákonos”, que significa, servo. O diácono e o pastor, biblicamente falando, são os dois ministérios oficiais da Igreja local. Os primeiros diáconos eleitos em Atos 7, tinham a incumbência, de cuidar das questões físicas da Igreja, tais como: auxiliar as viúvas em seu cotidiano e cuidar dos órfãos. O ministério diaconal hoje é mais abrangente: Geralmente ocupam as portarias, recepção, mantém a boa ordem do culto, organizam eventos, cuidam do espaço físico da Igreja, são os responsáveis por organizar a ceia, etc. As qualificações morais e espirituais do diácono estão relacionadas em (At 6.3; e 1 Tm 3.8-13). Cooperadores. Os cooperadores não era especificamente um obreiro consagrado, mas um obreiro auxiliar a serviço dos apóstolos e da igreja. Priscila e Áquila eram cooperadores de Paulo (Rm 16.3), Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, também (Fl 1.24).

 

CONHECER A ORDEM HIERÁRQUICA DA IGREJA OU DENOMINAÇÃO.

O modelo hierárquico adotado pelas denominações evangélicas podem variar bastante de uma para outra. Tomando como base a denominação mantenedora do Instituto Teológico Adonai, a CONADEK - Convenção das Assembleias de Deus Kharisma, os que exercem funções no contexto da igreja podem receber denominações diversas como:

  • 1º. Auxiliar ou cooperador (fem. Cooperadora).

Trata-se de um obreiro local que exerce uma função de base. É uma função de preparação para o primeiro estágio do ministério cristão propriamente dito, que é o diaconato.

  • 2º. Diácono (fem. Diaconisa).

Os diáconos e diaconisas (os servos), juntamente com os cooperadores e cooperadoras (auxiliares), formam a segunda categoria de obreiros locais. Os diáconos são responsáveis pelas demandas físicas da obra de Deus. Isso inclui, portaria, recepção, manter a boa ordem do culto, servir agua, organizar a ceia, preparar eventos, etc.

  • Presbítero (fem. Não consta).

Os presbíteros formam a primeira categoria de obreiros locais. São os obreiros de direita do pastor. O presbítero é um pastor em formação. É o homem da palavra, do ensino sistemático. São também os responsáveis por ungir os enfermos, realizar cultos fúnebres, levar ceia aos membros ausentes, realizar batismos, etc. Em muitas igrejas os dirigentes de congregação são os presbíteros.

  • Evangelista (fem. Não costa).

Os evangelistas formam a segunda categoria de obreiros convencionais. Os evangelistas são os obreiros responsáveis pela abertura de novos trabalhos, e são capazes de cuidar destas igrejas recém-abertas até a chegada de um pastor definitivo. Os evangelistas estão aptos a assumirem cargos administrativos na convenção, e também nas igrejas locais, sob a liderança dos pastores presidentes.

  • Pastor (fem. Não consta).

Os pastores formam a última categoria de obreiros convencionais. Os pastores ordenados estão aptos a assumirem cargos administrativos na convenção, e são preferenciais na indicação para assumirem a presidência de campos da convenção. Os pastores podem ou não liderarem igrejas. Isso vai depender da disponibilidade de campos na convenção, ou da disponibilidade dos próprios pastores.

  • Missionário (fem. Missionárias).

Os missionários e missionárias, são obreiros com funções semelhantes aos evangelistas. São os obreiros indicados para levar a mensagem da salvação às regiões onde a convenção não possui filial. Os missionários tem também competência para assumir novos campos (com exceção das missionárias), até a chegada de um evangelista ou pastor. Na Assembleia de Deus Kharisma, as mulheres não assumem às funções de (presbítero, evangelista e pastor). São admitidos para as mulheres as funções de cooperadoras, diaconisas e missionárias.

 

CONHECER A ÉTICA MINISTERIAL

O que é ética? Ética é postura, é conduta, é estilo de vida é integridade do coração, etc. A ética ministerial fala do comportamento, postura e conduta do obreiro no exercício de sua função. A ética estabelece padrões básicos que devem ser observados para que o obreiro seja de fato um obreiro aprovado. Ferir a ética ministerial, nem sempre se trata de ferir princípios bíblicos, pois em muitos casos a ética ministerial é estabelecida com o propósito de delimitar comportamentos, posturas, com a finalidade de manter o equilíbrio administrativo da igreja em termos gerais. A ética é o bom senso na prática. Abaixo alistaremos os principais pontos da ética ministerial imprescindíveis a vida do obreiro:

  • Reconhecimento e sujeição da autoridade pastoral (Hb 13.7)

O pastor como líder maior da igreja, deve ser consultado para todos as decisões de cunho administrativo, espiritual e físicos da Igreja. Este princípio é valido para todos os que são subordinados a autoridade pastoral: obreiros, membros, congregados, dirigentes de congregação, líderes de departamento, etc.

  • Reconhecimento da competência pastoral, ou da competência da liderança de um modo geral.

O pastor é o líder da igreja. Como tal deve por atribuição e honra presidir todos os trabalhos da Igreja. Uma igreja organizada é dividida em departamentos e subdepartamentos. Este trabalho de divisão é realizado com o intuito de não sobrecarregar a pessoa do pastor, e dar oportunidade à outras pessoas de desenvolverem suas aptidões e talentos. O pastor presidente elege por voto comum ou por aclamação, às pessoas que vão presidir esses departamentos. A partir do momento que são empossados, são lideranças constituídas, e devem ser tratadas como tais. Cada presidente de departamento, representará a pessoa do pastor junto a seu grupo ou equipe. Portanto, há uma necessidade de harmonia entre as lideranças de departamento, seus liderados e o pastor presidente. Falando ainda sobre questões de honras e competência do pastor presidente, podemos mencionar outras questões, como:

  • Fazer a apresentação oficial do culto. Se o pastor não o quiser realizar no momento poderá indicar alguém para isso.

  • Ministrar as bênçãos apostólicas.

  • Apresentação de crianças.

  • Apontar ou opinar sobre ministrantes dos cultos dos departamentos.

  • Presidir cultos festivos dos departamentos, tanto na sede como nas congregações. O pastor poderá abrir mão deste privilégio voltando a palavra ao dirigente do departamento ou congregação.

  • Doutrinar a igreja de Cristo

A questão da honra e competência, se estende não somente ao pastor, mais a todas as pessoas revestidas de autoridade na igreja. Cada departamento tem seu líder, e este líder, deve ser respeitado como tal. Este princípio se aplica também à hierarquia eclesiástica. Devemos dar honras aos obreiros de uma hierarquia superior. Esta questão não pode ser determinada por méritos, dignidade, ou por questões sociais, econômicas, etc. Devemos dar honra a quem tem honra, independentemente de qualquer coisa (Rm 13.7).

Contudo, sabemos que estas questões estão muito ligadas a cultura de cada igreja ou denominação, portanto, não podemos ser muito dogmáticos quanto as questões relacionadas a liturgia, ordem, procedimentos, tradições, pois elas são bastante relativas. O correto seria cada obreiro ou obreira estar a par dos procedimentos éticos de sua própria denominação ou igreja.

 

PRIORIZAR A FORMAÇÃO FORMAL

A formação formal do obreiro deve ser tanto teológica, como secular, porque a cultura é um fator importante no exercício ministerial. A formação secular fornece-nos as bases para o nosso trato social e a formação teológica, o trato eclesiástico. Não podemos ignorar que precisamos da formação secular básica, e de ingressarmos em uma faculdade se isso estiver ao nosso alcance. Do mesmo modo, devemos buscar recursos para o nosso ministério cristão, através dos cursos teológicos. Hoje em dia há muitas facilidades nessa área. Se não há condições de frequentarmos sala de aula nas faculdades teológicas, podemos fazer estes cursos no sistema (EAD), estudo à distância. Podemos também nos aplicar ao estudo particular (autodidata), o que também é eficaz na formação eclesiástica e também secular. O conhecimento facilita tudo. A informação é a base para toda formação. Paulo exortou Timóteo a dedicar-se a leitura (1 Tm 4.13).

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1 Comment


Luiz Carlos
Luiz Carlos
Feb 23, 2023

Muito bom

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