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O SERMÃO DA MONTANHA - O JULGAMENTO DO PRÓXIMO

TEXTO BÍBLICO: (MT 7.1-14). INTRODUÇÃO Nessa cessão iremos estudar a respeito do julgamento precoce, o juízo que não se baseia na justiça divina e o juízo hipócrita, que é na verdade, um ato de alto-condenação. Mateus não fez uma narrativa cronológica dos temas abordados por Jesus sobre o monte, e nem tão pouco parece ter se preocupado em seguir um raciocínio lógico. A ordem dos temas, principalmente os narrados no capítulo 7, são aleatórios. Por isso, os temas desta cessão não têm relação uns com os outros. Em todo discurso do sermão da montanha já estudado anteriormente, vemos Jesus revelando e condenando veementemente a hipocrisia dos judeus. Ao abordar o tema do hábito de julgar os outros, Jesus retoma mais uma vez o assunto. Aqui está presente o juízo de Deus sobre aqueles que julgam o seu próximo. O hábito de julgar “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:1,2). Este tema tão importante, não foi tratado apenas por Jesus, mas também por Paulo (Rm 2.1-4; 14.4,10); e por Tiago (Tg 4.11,12). Julgar significa emitir juízo, bom ou mal sobre algo ou alguém, com base naquilo que se vê ou observa. Este tema é muito discutido no meio evangélico, e as pessoas tem tido conclusões diversificadas sobre o assunto. Vamos aqui fazer algumas observações, para que possamos ingerir melhor essa questão. A Bíblia afirma que Deus é um Juiz justo (Gn 18.25; 2 Tm 4.8; Jr 11.20), o único capaz de julgar segundo os parâmetros da mais perfeita justiça. No entanto, o próprio Deus da justiça institui juízes humanos e dotou-os da capacidade de julgar, com base nos princípios por ele estabelecidos. Nenhum julgamento pode ser considerado justo, se não levar em consideração a justiça divina. O juízo que Jesus condenou nesse contexto, é o juízo que falta em dois pontos principais: o que não leva em consideração a reta justiça, e o juízo hipócrita, que é quando damos um veredito do qual nós mesmos somos merecedores. A reta justiça A reta justiça é aquela que parte dos princípios ou parâmetros instituídos por Deus em sua palavra. Por isso Jesus disse; “Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (Jo 4.24). O juízo que não leva em consideração a justiça divina, é um juízo precoce, sem fundamento, e que parte de uma perspectiva própria ou segundo o que simplesmente se observa. Quando Deus enviou Samuel a casa de Jessé para ungir dentre seus filhos o rei de Israel, Samuel cometeu um erro grave ao julgar com base em seus parâmetros ou pela aparência “E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse: Certamente está perante o Senhor o seu ungido” (1 Sm 16.6). “Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16.7). Samuel se equivocou em seu juízo pois não levava em consideração a justiça divina. O juízo de Deus é perfeito, porque Deus vê o que há no coração do homem, nós não temos tal capacidade, por isso devemos olhar pelo prisma da justiça divina. Jesus conta uma parábola sobre dois homens que subiram ao templo para orar, um fariseu e o outro publicano. O fariseu em sua oração dizia: “Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo” (Lucas 18:11,12). “O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! (Lucas 18:13), e Jesus conclui “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; ”. O publicano quis expor sua justiça em comparação com a dos outros homens e do publicano que estava ali. Seu juízo, no entanto, não levou em consideração a justiça divina. Um juízo que parte de uma perspectiva individual ou aparente, corre o risco de ser falível. Mas um juízo conscientemente hipócrita é uma alto-condenação. O juízo de alto-condenação A alto-condenação é quando a pessoa condena a si mesma naquilo que julga. Os fariseus praticavam constantemente essa forma de juízo, pois julgavam as pessoas, estando na mesma condenação do que elas. Lembra daquela passagem da mulher adultera, em João capítulo 8. Os judeus trouxeram uma mulher apanhada em adultério a Jesus para ouvir seu veredito sobre ela. Mas, Jesus, não precisou dar nenhum veredito, ele apelou para a consciência de cada um, “Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela” (Jo 8.7 b). Sua própria consciência os condenaram. Não ficou ali nenhum sequer, digno de atirar a primeira pedra, pois todos os fariseus que ali estavam, e condenavam aquela mulher, eram dignos da mesma condenação. Isso é um juízo hipócrita, e essa forma de juízo se encaixa na proibição de Jesus nesse contexto. Paulo também condenou o juízo hipócrita dos Judeus quando disse: “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo (Romanos 2:1). E no versículo 3, parte b, ele diz: “...cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus? O argueiro e a trave “E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão (Mateus 7:3-5). O “argueiro”, “partícula pequeníssima, destacada de qualquer corpo; grânulo, cisco”, é insignificante em relação a “trave”, “grande tronco ou madeiro retilíneo, grosso e comprido”. Como, podemos enxergar um cisco no olho de nosso irmão, enquanto há uma trave atravessada em nosso próprio olho? Em outras palavras, como podemos julgar nosso irmão quando somos passiveis do mesmo juízo? Que grande hipocrisia, portanto, quando julgamos, ou inferimos qualquer juízo, precisamos dar o exemplo. A medida do juízo “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (v 1,2). Deus é o juiz justo que julga com a mais fiel justiça. A justiça não somente é uma qualidade exercida por Deus, como um atributo moral de sua natureza, isso é, Ele não pratica simplesmente a justiça, mais é a personificação dela. Deus retribuirá a cada um segundo o seu mérito (Jó 34.11; Sl 62.12; Jr 9.10; 32.19; Rm 2.5,6); e este juízo será executado pelo Senhor Jesus, o justo Juiz (Mt 16.27; At 17.31; Ap 20.13; 22.12). Jesus menciona nos versículos acima o “juízo” e a “medida do juízo”, isso é, a sentença em si, e os parâmetros ou os critérios usados para determinar o grau e intensidade do juízo. Com o “juízo” com que tiverdes julgado, sereis julgados, e com a “medida” “intensidade” com que tivermos medido, seremos medidos. Isso corresponde a um julgamento justo, cuja sentença é pronunciada pelo próprio julgador. A expressão de Jesus “sereis julgados” e sereis medidos”, pode referir-se também, a um julgamento imediato de Deus sobre aqueles que praticam injustiças “porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mt 26.52). Essa referência não determina uma regra, mas alude a uma possível justiça de Deus sobre os que fazem o mal ainda nesse mundo. Deus pode permitir nessa vida, que muitas pessoas venham experimentar na prática aquilo que desejou ou sentenciou injustamente aos outros, como um ato de sua justiça. Seja como punição, forma de exemplo ou com a intenção de a pessoa reconheça seus pecados. Ao crente não compete julgar e nem querer fazer justiça com as próprias mãos. A vingança pertence a Deus, e Ele apenas pode dar a justo retribuição aos pecadores, seja nessa vida, ou na vida futura (Rm 12.19). O poder de juízo delegado por Jesus Jesus disse: “...eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo12.47,48). Os parâmetros do juízo de Cristo no último Dia, se dará por meio de sua Palavra. A palavra de Cristo é a mesma ontem, hoje e será eternamente a Palavra de Deus. A Palavra de Deus tem o poder de julgar e condenar as pessoas que não estão de acordo com Elas. Esse é o princípio que a Igreja usa para aplicar a disciplina aos seus membros transgressores. Não existe essa história de que não podemos disciplinar os membros da igreja, pelo fato de ninguém ser digno de julgar ninguém. Como já aprendemos, Jesus condenou apenas o juízo que não condiz com sua justiça, e o juízo hipócrita, quando a pessoa julga estando na mesma condenação. A igreja recebeu de Cristo a autoridade de julgar e condenar os pecadores. Ao tratar sobre a disciplina em Mateus 18:15-19, Jesus diz: Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. A Igreja é a agência de Cristo na terra responsável por fazer a conexão da reconciliação entre os membros da igreja, e também a responsável por aplicar a disciplina sobre aqueles que não querem se submeter a palavra de Deus. A expressão, “tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”, é uma referência a autoridade da Igreja conferida por Cristo. “Considera-o como um gentio e publicano”, é uma referência a exclusão. A igreja tem a autoridade de apreciar qualquer causa que envolve litigio ou pecado, julgando os méritos e condenando os transgressores (Leia atentamente 1 Coríntios 5.1-13). A condenação máxima deferida pela igreja é a exclusão do membro transgressor da comunhão da igreja, isso é claro, depois de esgotadas as possibilidades de reconciliação. Paulo, em 1 aos Coríntios 6.1,2, reforça mais uma vez o poder de julgamento da igreja ao dizer: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Quando a Igreja procede com o julgamento sobre o crente transgressor, não o faz por egoísmo ou por mero prazer, mas por zelo e cuidado de Deus. “Tirai pois dentre vós a esse iníquo” (1 Coríntios 5:13).

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