1. Definição
A Palavra santificação deriva do latim sanctus; do verbo heb. qadash, “ser separado, consagrado”; do substantivo grego hagiasmos, “consagração”, “purificação”, “santificação”; do verbo hagiazo, “santificar” “separar das coisas profanas ou consagrar”, “purificar ou santificação”.
2. Santificação e regeneração. O breve catecismo de Westminster define a santificação como “a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados na totalidade de nosso ser, conforme a imagem de Deus, e nos tornamos cada vês mais capacitados a morrer para o pecado e viver para a justiça”. Essa definição, no entanto, apesar de útil ao chamar a atenção á graça soberana de Deus, assim como a responsabilidade de cada cristão, tende a confundir a regeneração com a santificação. As principais ideias relacionadas a santificação são a separação daquilo que é pecaminoso, por um lado, e, por outro, a consagração àquilo que é justo e que esta de acordo com a vontade de Deus. A santificação precisa ser distinguida da justificação. Na justificação, Deus atribui ao crente, no momento em que recebe a Cristo, a própria justiça de Cristo, e apartir de então vê esta pessoa como se ela tivesse morrido, sido sepultada e ressuscitada em novidade de vida em Cristo (Rm 6.4-10). É uma mudança que ocorre “de uma vez por todas” na condição legal ou judicial da pessoa diante de Deus. A santificação, em contraste, é um processo progressivo que ocorre na vida do pecador regenerado, momento a momento. Na santificação ocorre uma cura substancial da separação que havia ocorrido entre Deus e o homem, entre o homem e seus compatriotas, entre o homem e se mesmo, entre o homem e a natureza[1]. A santificação não é obra recebida no batismo nas águas, como ensina a doutrina católica romana, que afirma que o batismo remove tanto a culpa como a depravação do pecado. Essa espécie de santificação é quase idêntica ao conceito de santificação do Antigo Testamento que era praticamente ritual. O conceito de santificação no Novo Testamento também não pode estar de acordo com a posição dos perfeccionistas que ensina que o cristão pode tornar-se perfeitamente santificado ou chegar a perfeição nesta vida. Isso é impossível pelo fato de sermos seres humanos sujeitos a tantas fraquezas e falhas. A santificação progressiva que esta baseada na visão de Calvino e todos os cristãos reformados parece ser a que mais se adéqua a visão bíblica, está é vista em três aspectos distintos:
Posicional. Todos aqueles que são regenerados ou salvos são posicionalmente vistos como totalmente santificados em Cristo. Por esta razão, embora o apóstolo Paulo tenha censurado o cristianismo dos coríntios, classificando-o como carnal (1 Co 5.1; 6.1-8), ele ainda diz que eles são santificados em Jesus Cristo e chamados de santos (1 Co 1.2; 6.11; cf. At 20.32; Hb 10.10; 1 Pe 1.2; Jd 1). O livro aos Hebreus funciona como uma ponte entre este aspecto e a santificação experimental que vem a seguir (Hb 2.17; 9.13ss., 12.14). Uma vez que o conhecimento da santificação posicional depende de uma compreensão mental da verdade bíblica, ele possui uma natureza instantânea, “de uma vez por todas”, coo ocorre na percepção de todos os outros conhecimentos, os quais alguns confundem com a própria perfeição.
Experimental. No desenvolvimento de uma vida santificada, os cristãos consideram uma posição em Cristo da maneira como ela é expressa em algumas passagens como Romanos 6.2-10 e Colossenses 2.9-13 (cf. 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2). O próprio Senhor Jesus Cristo expressa os ensinos básicos da santificação em Mateus 5.17-48, e Paulo o faz em romanos 6-8. O crente deve ser santo (Ex 19.6; Lv 11.44; 1 Pe 1.15), mas seu crescimento na santificação repousa na dependência de sua posição, e em sua entrega, momento a momento, á vontade de Deus e a disposição de andar no caminho do Senhor. Uma vez que Deus deixar que o crente ainda tivesse em si mesmo a natureza caída (Rm 7; Gl 5.17ss.), nenhum de nós poderá alcançar a perfeição até que esta natureza seja finalmente removida; na melhor hipótese, o que cada cristão pode fazer é progredir em direção à perfeição.
Final. Quando o crente partir para estar com Cristo, ou no momento em que o Senhor vier arrebatar sua Igreja- o que ocorrer primeiro – a natureza caída será completamente removida e cada crente receberá o corpo da ressurreição, será glorificado, e se tornará semelhante ao Salvador (Rm 8.29,30; 1 Jo 3.1-3; Jd 24)[2].
3. Meios de Santificação.
O meio externo é a Palavra de Deus. O Senhor Jesus Cristo orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Uma vez que ele concedeu as Escrituras através de sua inspiração, Ele nunca trabalha contra, mas sim através delas. O meio externo é a presença e direção do Espírito Santo em nossos corações. É ele quem mantém a lei de Deus, assim como foi revelada por ele mesmo, em nós e através de nós. “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito” (Rm 8.3,4). Esta é a chave para o Espírito Santo e a própria vida cheia do Espírito Santo[3].
Resumindo, santidade ou santificação designa a condição necessária para que o homem veja a Deus “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). Viver em santidade deve ser a meta do homem de Deus, em qualquer lugar, tempo, circunstância e ocasião. Para o servo do Senhor, viver uma vida separada para Cristo, não é opção mas obrigação, no entanto, para aqueles que vivem sob a graça de Cristo e priorizam o reino de Deus, e deseja em tudo agradar ao Senhor, isso não constitui um fardo, mas um grande prazer. [1] Dicionário Bíblico Wicliff, CPAD; 5ª edição. p.1762. [2] Dicionário Bíblico Wicliff, CPAD; 5ª edição. p.1762. [1] Dicionário Bíblico Wicliff, CPAD; 5ª edição. p.1763. [3] Dicionário Bíblico Wicliff, CPAD; 5ª edição. p.1763.
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